«O que eu tenho que exigir a esta câmara é exactamente igual que tenho que exigir a todas as outras câmaras.»*
Dois aspectos a considerar nesta declaração do líder do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, a propósito da investigação da Polícia Judiciária feita na Câmara Municipal de Salvaterra de Magos: o emprego de “ter que” em vez de ter de e a ausência da contracção da preposição a com o pronome o (ao).
Em primeiro lugar, se se pretende dizer que «deve exigir a esta câmara o mesmo que deve exigir a todas as outras», a locução adequada é ter de, que significa «dever», «ter a obrigação de», «ver-se na necessidade de».
Em segundo lugar, a utilização do adjectivo igual pede um complemento introduzido pela preposição a («igual a alguma coisa»).
Logo: «O que eu tenho de exigir a esta câmara é exactamente igual ao que tenho de exigir a todas as outras câmaras.» «Igual ao que tenho de exigir» significa «igual àquilo que tenho de exigir».
* in Telejornal, RTP-1, 7 de Fevereiro de 2007