Chora Que Logo Bebes ou Chora-Que-Logo-Bebes é o nome da aldeia onde nasceu João sem Medo, protagonista das Aventuras de João sem Medo, de José Gomes Ferreira. A aldeia, onde se gela e os homens ganham verdete, é habitada por pessoas tristonhas e chorosas.
O nome desta povoação fictícia corresponde, possivelmente, a uma alteração do provérbio, ou expressão popular, «canta, que logo bebes». O sentido que se dá a este provérbio em algumas aldeias transmontanas está associado à possibilidade de todo o esforço ser recompensado.
A alteração feita, transformando o verbo cantar em chorar, assenta nas características inusitadas da aldeia. Se, cantando, a garganta pode secar, e beber pode ser considerado uma recompensa; chorando, tal não acontece, e beber torna-se desnecessário. Desta forma, o próprio nome da aldeia contribui para a construção de um mundo às avessas, como é o de Chora-Que-Logo-Bebes, aldeia habitada por gente infeliz e que está separada da Floresta Branca, onde moram os sonhos e os mitos, por um muro no qual está escrito o seguinte aviso: «É proibida a entrada a quem não andar espantado de existir.» É esse muro que João sem Medo vai saltar para viver um conjunto de aventuras e regressar convencido de que vai conseguir mudar a sua aldeia, mas acaba enriquecendo a produzir e vender lenços de papel!
Embora concebida para crianças, a obra é interpretada como sendo uma alegoria ao Portugal do salazarismo.