A sua dúvida tem razão de ser, prezada consulente, no âmbito do português que se convencionou chamar Português europeu: o exemplo apresentado, no que se refere à colocação do pronome, é característico da norma gramatical portuguesa, que, neste aspecto, difere da brasileira. Trata-se, de facto, de uma frase não marcada, isto é, que não está sujeita a mudanças exigidas pelas tais palavras atractivas de que a consulente fala. Nesta situação, em Portugal, na norma culta, diz-se «… opõe-se…», enquanto no Brasil, em igualdade de circunstâncias se dirá «… se opõe…».
Se acontecer existir na frase uma dessas palavras atractivas, deverá, em Portugal, ocorrer a próclise, isto é, o pronome deverá vir para uma posição imediatamente anterior ao verbo, independentemente da distância que se verifique entre a palavra ou expressão e esse verbo [excepto com palavras como o advérbio de negação não, que, quando modifica um verbo, vem sempre próximo dele]. Vejam-se os exemplos:
«O João, calmo, opõe-se à prorrogação.» (frase não marcada)
«O João, calmo, não se opõe à prorrogação.»
«Também o João (, calmo,) se opõe à prorrogação.»
«Dizem que o João (, calmo,) se opõe à prorrogação.»
Note-se que, para que a frase corresponda, efectivamente, a uma frase do Português europeu, eu introduzi o artigo definido antes do nome próprio, uma vez que, pelo contexto, se deduz que este João não é uma figura pública de renome (João Paulo II) nem uma figura histórica (Luís XIV).