As perguntas feitas são pertinentes, mas ultrapassam o âmbito do tipo de respostas dadas no Ciberdúvidas, porque já lidam, por um lado, com a discussão de um problema teórico e descritivo, que é o do estatuto clítico dos pronomes átonos, e a relação da norma com os dados evidenciados pela descrição linguística.
De qualquer modo, há que ter em atenção que, considerando as variedades do português, existe, como já tem sido dito, em comum o facto de estes pronomes ocorrerem na adjacência de um hospedeiro verbal, muito embora se observe um contraste nítido entre português europeu e português brasileiro quanto à colocação dos clíticos em relação a esse hospedeiro (ver M.ª Helena Mira Mateus et al., 2003, Gramática da Língua Portuguesa, Lisboa, Editorial Caminho, 2003, pág. 847):
— no português europeu, a posição dos pronomes clíticos depende em grande parte de atratores da próclise;
— a respeito do português do Brasil, as descrições apontam um menor papel dos atratores da próclise, realçando a tendência para a próclise sistemática na coloquialidade e mesmo no registo formal, enquanto em situações de escrita e oralidade mais formais podem ocorrer a próclise ou a ênclise, mais uma vez, nem sempre em congruência com o que se verifica na variedade europeia.
Quanto a bibliografia, recomendo a leitura da Gramática da Língua Portuguesa (Lisboa, Editorial Caminho, 2003, págs. 826-867) sobre tipologia e colocação dos clíticos.