No português de Portugal, grafam-se sistematicamente com mn e bt as palavras indicadas – indemne, indemnizar, subtil, subtileza –, com o m e o b realizados foneticamente e, portanto, audíveis.
No Brasil, embora sejam conhecidas e até estejam dicionarizadas as formas acima mencionadas, dominam as variantes em que se deu a supressão do m e do b: indene, indenizar (daí indenização), sutil, sutileza, conforme pode confirmar uma consulta do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa ou do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras.
Observe-se ainda que os pares indemne/indene, «que não sofreu dano ou prejuízo», e subtil/sutil, «ténue, pouco percetível», se encontram em variação há bastante tempo na língua portuguesa e contribuem para definir o contraste entre o português europeu (PE) e o do Brasil (PB). O caso de indemne/indene encontra paralelo noutros pares como omnipotente (PE)/onipotente (PB), omnisciente (PE)/onisciente (PB), em que o radical de composição ocorre sob a forma mais conservadora em Portugal (omni-, do latim omnis, omne, «todo»), enquanto a do Brasil é inovadora (oni-). Quanto a subtil, esta prevalece em Portugal e é também mais conservadora que a variante brasileira, sutil, que, no entanto, é bastante antiga, pois já se atesta no século XIII (cf. nota etimológica no Dicionário Houaiss).
Não se pense, porém, que a sequência mn tem sempre tratamento diferenciado nos dois países, porque, na verdade, há muitos casos de simplificação em m, comuns tanto ao Brasil como a Portugal: condenar (do latim condemnare), dano (do latim damnu-), ginásio (do grego gymnásion, pelo latim), hino (do grego hýmnos, pelo latim), solene (do latim solemne-), sono (do latim somnu-).
Por último, em nome do Ciberdúvidas, fica um agradecimento pelo elogio feito pelo consulente.