Se se tiver em conta o facto de que na frase «Nada na manga» – usada habitualmente para significar «não ter nada escondido ou a esconder», «não haver nada escuso de que se pode ser acusado», «não ter qualquer motivo para ser objecto de desconfiança» – nos encontramos perante a «transposição de uma palavra para uma zona de significado que lhe é alheia» [Jacinto do Prado Coelho (dir.), Dicionário de Literatura, Porto, Figueirinhas, 1979], uma vez que aí se convoca uma expressão do domínio do jogo para designar uma atitude desonesta por parte de um jogador que usa essa técnica para ludibriar os outros e falsear o resultado de uma partida, apercebemo-nos de que se trata de uma metáfora. Referindo-se, assim, a uma realidade não nomeada, a expressão «Nada na manga» é uma metáfora, porque a substitui, usando «uma comparação abreviada, uma comparação à qual falta o termo real» (idem). Com esta metáfora, verifica-se um caso de «trânsito», «mudança», «transporte», valores para que a sua etimologia nos remete.