A onomástica abrange o estudo dos nomes de família, incluindo-se nestes últimos os originários de patrónimos (também chamados patronímicos).
Há uma certa sobreposição entre os termos em questão e as respetivas definições. É, pois, natural que se encontrem oscilações terminológicas, que até podem ser contraditórias quando se confrontam diferentes obras e autores, o que se entende dada a estreita relação dos nomes próprios com a realidade, a sua diversidade e as muitas maneiras de a categorizar.
Não obstante, podem aceitar-se as seguintes generalizações:
1. A expressão nome próprio tem dois significados:
– genericamente, «nome que identifica uma única entidade real ou imaginária», definição que recobre os antropónimos (os nomes de pessoas), os topónimos (os nomes dos lugares), os cronónimos (os nomes dos meses e dos dias da semana), entre outros;
– e, em sentido mais restrito, «elemento verdadeiramente individual do nome com que as pessoas são diferenciadas», pelo qual «as pessoas são chamadas por familiares e amigos» ("Composição do nome", in Instituto dos Registos e do Notariado), caso em que também se usa nome de batismo e prenome.
2. O termo antropónimo aplica-se à classe de nomes próprios formada pelos nomes próprios pessoais e os apelidos (nomes de família, ou, no Brasil, sobrenomes), mas também são também antropónimos1:
– As alcunhas (apelidos no Brasil), nomes muitas vezes jocosos ou depreciativos atribuídos a um indivíduo por próximos (vizinhos, colegas, conhecidos). Um exemplo histórico é Arreda, alcunha de D. Afonso (1865-1920), irmão do rei D. Carlos (1863-1908) e assim popularmente chamado, ao que parece, pela exclamação «arreda!» (= «afastem-se!»), enquanto conduzia o seu automóvel1.
– Os cognomes, que são nomes de caráter honorífico ou comemorativo que se associam aos nomes próprios pessoais, como seja o exemplo de «D. Dinis, o Lavrador».
– Os pseudónimos, nomes secundários pelos quais os seus portadores substituem os nomes próprios pessoais muitas vezes na criação literária e artística. O caso de Hergé, o criador de Tintin, herói de banda desenhada, é exemplo, pois corresponde às iniciais invertidas R. G., do verdadeiro nome deste autor belga, Georges Remi. Outro caso é o da escritora George Sand, cujo nome pessoal era Amandine Aurore Lucile Dupin (1804-1876).
3. Os patrónimos ou patronímicos são antropónimos derivados do nome de um progenitor: historicamente, Rodrigues, por exemplo, significava «filho de Rodrigo». Os patronímicos evoluíram e o processo de derivação que lhes dava origem deixou de ser produtivo, o que contribuiu para que hoje, em português (tal como aconteceu no galego ou no castelhano), sejam usados como apelidos.
Além de um capítulo da Gramática do Português (Fundação Calouste Guylbenkian, 2013-2020) dedicado aos nomes próprios (pp. 991-1041), sugere-se a consulta de duas obras recentes, uma publicada no Brasil, que apresenta uma proposta de classificação estável e coerente, e outra na Galiza, donde provêm provavelmente vários apelidos portugueses (Abelaira, Andrade, Lemos, Meira, Paços/Passos):
Eduardo Tadeu Roque Amaral e Márcia Sipavicius Seide, Nomes Próprios de Pessoa: Introdução à Antroponímia Brasileira, 2020
Diego Bernal Rico, Apelidos da Galiza, de Portugal e do Brasil, Através Editora, 2021
1 Cf. Gramática do Português, Fundação Calouste Gulbenkian, 2013-2020, pp. 1004/1005.
2 Cf. ibidem, p. 1004, , n. 20.
N. E. – Resposta alterada em 23/10/2021.