Não foi possível encontrar dados sobre a génese factual da expressão, embora seja possível encontrar registos tanto em dicionários como em guias de uso.1
Mesmo assim, importa referir que, nesta expressão popular, se verifica a existência de uma hipérbole, que exagera a quantidade de tempo necessária para executar/fazer alguma coisa ou para que alguma coisa aconteça.
Note-se também que é possível atestar o uso desta expressão com esse mesmo significado com um exemplo registado no Corpus do Português de Mark Davies, a partir do livro Cárcere Invisível de Francisco Costa de 1972: «Encolhi os ombros sentindo-me infinitamente superior_ àqueles pobres autómatos da oficina, destinados a aplainar pranchas e grudar juntas, toda a vida e mais seis meses; e palpando o cabelo liso como um capacete, fiz tinir dentro do bolso, com a outra mão, as três moedas de prata.»
Na comunicação social esta expressão surge igualmente com o mesmo sentido: «E lá saiu uma camisola do Barça em forma de porta moedas que, entre bordar o padrão e costurar a toda a volta, demorou toda a vida e mais seis meses.» (in "Tricotometria: Matemática de Agulas e Novelos de Lã", 16 de janeiro 2019 Rádio Renascença).
1 No dicionário da Academia das Ciências de Lisboa, regista-se a expressão «toda a vida e mais dois» como subentrada de vida e com o significado de «muito tempo». No entanto, o registo mais corrente é «toda a vida e mais seis meses», que Guilherme Augusto Simões, no seu Dicionário de Expressões Populares (Publicações Dom Quixote, 1993), define assim: «Diz-se do que não acaba nunca, do que não tem fim». O Dicionário de Expressões Correntes (Editorial Notícias, 2000), de Orlando Neves, regista a mesma forma, com significado praticamente igual («diz-se do que não acaba»). Finalmente, refira-se que Vasco Botelho de Amaral também dedicou um breve comentário à expressão, incluindo-a entre os casos de hipérboles numéricas (Grande Dicionário de Dificuldade e Subtilezas do Idioma Português, 1958) e confirmando a dificuldade em compreender a sua motivação (mantém-se a ortografia original): «Na linguagem ocorrem, por vezes, exageros como preferia mil vezes pedir esmola a pedir-lhe alguma coisa, e outros jeitos de expressão numericamente hiperbólica. É que a gente na vida, se exagerasse com palavras, por vezes até arrebentava com o coração. Certas palavras fazem-me lembrar uma espécie de escape. E não são apenas as tristes. Os exageros alegres também são assim. Por exemplo: toda a vida e mais seis meses. Por quê e para quê este suplemento de seis meses acrsecentado à vida toda?»