A construção afasta-se dos usos que são considerados corretos de um ponto de vista normativo.
A expressão «sendo que» pode ser usada com um valor causal, como equivalente de «visto que»:
(1) «Sendo que vai chover, não vamos sair.»
Autores como Napoleão Mendes de Almeida1 e Maria Helena Moura Neves2 condenam os usos de «sendo que» que se afastam deste valor causal. Nesta perspetiva, a frase apresentada pelo consulente deverá ser reformulada de forma a evitar esta estrutura. Eis uma possibilidade:
(2) «As pessoas confundem amor e paixão, que são, porém, coisas diferentes.»
Note-se, porém, que as construções com «sendo que» com valores distintos da causalidade são, contudo, muito frequentes nos usos linguísticos. É comum o seu uso com o valor semântico de contraste simples, indicando uma ressalva, tal como se observa na frase seguinte retirada do Corpus do Português, de Mark Davies:
(3) «Cada pergunta tem três respostas possíveis, sendo que apenas uma delas é a correcta.» ("Considera-se um bom cibernauta?" In Corpus do Português)
Outros valores de condicionalidade ou de concessividade podem ser identificados em usos particulares de «sendo que».
Estas últimas considerações evidenciam um fenómeno linguístico em evolução que, todavia, não deve ser mobilizado se se pretende um texto que se enquadre nos preceitos mais normativos.
Disponha sempre!
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