O uso do artigo indefinido um poderá ter lugar na expressão apresentada, sendo colocado ao serviço de determinadas intenções.
Do ponto de vista semântico, o artigo indefinido um tem várias especificidades. Antes de mais, ao ser usado, pressupõe que a entidade referida pelo nome que ele acompanha existe, embora não se possa identificar:
(1) «Um carteiro tocou à porta.» (a entidade referida como carteiro existe como referência no discurso)
O uso de um pode estar relacionado com a sinalização por parte do locutor de que o seu interlocutor não tem condições para identificar a entidade de que se fala, para além de marcar a ideia de que essa entidade não será única: no caso da frase (1), o interlocutor não conseguirá identificar o carteiro concreto de que se fala e sabe que poderão existir mais carteiros.
Outro aspeto importante é o facto de o artigo indefinido ser usado para introduzir entidades no discurso, como acontece com os famosos inícios de contos infantis («Havia um príncipe…»). Em casos como este último, quando for retomado, o nome príncipe já será acompanhado por artigo definido, uma vez que já é uma entidade integrante do universo de referência.
O uso do artigo indefinido pode também ser associado a uma leitura na qual «o falante usa o sintagma nominal indefinido para referir uma entidade particular do universo do discurso (ou um grupo particular de entidades), indicando, no entanto, ao ouvinte que a identificação dessa entidade (ou grupo) não é importante para o contexto discursivo»1.
Por fim, é também possível um uso do artigo definido em que este não assinala nenhuma entidade em particular, como acontece em (2):
(2) «Ele disse que um aluno poderia vir ao quadro.»
Numa frase como esta, o falante poderá não considerar nenhum aluno em particular, mas apenas uma entidade arbitrária dessa classe2.
Perante o que ficou exposto, parece plausível que o locutor, na expressão «Inicie uma sessão» possa ter em mente assinalar a classe das «sessões de internet», considerando, de forma arbitrária, uma entidade pertencente a esse grupo.
Em nome do Ciberdúvidas, agradeço as palavras que muito nos estimulam.
Disponha sempre!
1. Miguel e Raposo in Raposo et al., Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, p. 840.
2. Para mais informações, cf. Id., Ibidem, pp. 837-859.