DÚVIDAS

O uso de negligente, imprudente e temerário nas regras do futebol
Gostaria que me esclarecessem a questão colocada de seguida. No livro Laws of the Game, edição 2009/2010, da FIFA (Federação Internacional de Futebol), na página 32, aparece a expressão: «A direct free kick is awarded to the opposing team if a player commits any of the following seven offences in a manner considered by the referee to be careless, reckless or using excessive force: (...) tackles an opponent.» Mais à frente, na página 109 do mesmo livro, são esclarecidos os conceitos de careless e reckless do seguinte modo: «Careless means that the player has shown a lack of attention or consideration when making a challenge or that he acted without precausion. No further disciplinary sanction is needed if a foul is judged to be careless. «Reckless means that the player has acted with complete disregard to the danger to, or consequences for, his opponent. A player who plays in a reckless manner must be cautioned (nota: advertido com cartão amarelo).» Assim, considerando que a acção careless não tem qualquer punição disciplinar e reckless» tem a punição disciplinar de advertência (em futebol significa a exibição por parte do árbitro do cartão amarelo), pergunta-se: qual deverá ser a tradução para português das palavras careless e reckless tendo em conta também a graduação da gravidade das sanções? Antecipado agradecimento pelos esclarecimentos à questão suscitada.
A palavra cerqueiro (Quercus pyrenaica)
No Norte e no Centro de Portugal encontra-se uma espécie de árvore, de nome científico Quercus pyrenaica, cujos nomes vernáculos portugueses mais usados costumam ser carvalho-negral ou carvalho-pardo-das-beiras; menos habitualmente há quem o chame de carvalha. Na Galiza essa mesma espécie é conhecida pelo vernáculo galego cerqueiro ou cerqueira, palavra decerto etimologicamente derivada do latim Quercus. Os dicionários portugueses generalistas que compulsei não apresentam a entrada "cerqueiro". Os dicionários corográficos dão-nos mais de uma dúzia de topónimos iguais ou afins em território português: Cerqueiro, Cerqueira, Cerqueiras, Cerqueiral, etc. Os dicionários onomásticos dão-nos a existência do apelido português Cerqueira — aliás, bem difundido. Perante este panorama, questiono-me se algum dia a palavra cerqueiro terá sido algum dia usada no idioma português para designar o Quercus pyrenaica. Em caso afirmativo, seria legítimo reinstituir o seu uso no português contemporâneo, designadamente em guias botânicos? Agradeço penhoradamente a vossa ajuda.
Sobre anáfora e elipse em títulos
Na elaboração da capa de trabalho acadêmico "Projeto de pesquisa", informei o tema "Curatela: inovações do instituto no atual Código Civil". Para minha surpresa, a professora apontou erro no tema e me descontou pontos, alegando que o Código Civil contém diversos outros institutos jurídicos como adoção, guarda compartilhada, tutela etc, que apresentaram, igualmente, inovações, e que, portanto, a omissão da palavra curatela após o termo instituto constituiria óbice ao entendimento da delimitação do tema proposto. Discordo totalmente desse raciocínio, já que a combinação da preposição com o artigo (de + o = do) define, claramente, a referência ao vocábulo curatela, ao qual remete, e cuja repetição entendo desnecessária e deselegante, até. Assim, não vejo aí omissão ou falta de clareza. Cito, ainda, outros exemplos de construções similares que reputo, igualmente, perfeitamente claras, dispensando a repetição de termos subentendidos. Exemplos: – Faculdade Pe. Arnaldo: dez anos de história da instituição; – Adoção: modificações do instituto no Código Civil de 2002; – Advocacia: o exercício da profissão nas empresas públicas; – Orientação à Monografia Jurídica I: plano de ensino da matéria; – Analfabetismo: a solução do problema transcende o aspecto econômico-cultural – Brasil: o que a população espera do novo governo Aguardo, com expectativa, resposta à indagação. Desde já, obrigado pela atenção.
Sobre as regências do substantivo relator e do verbo designar
Há tempos encaminhei uma questão relativa à regência da palavra relator. Nesta oportunidade, desejo retomá-la, em forma diversa. Vejam-se as seguinte frases: «O presidente designou o deputado Carlos Feitosa relator do Projeto de Lei n.º 489.» «O presidente considerou o deputado Carlos Feitosa especialista na matéria.» Não cabe discutir que, assim como a palavra especialista rege em, a palavra relator rege de. Por isso, volto a questionar a correção da frase: «O presidente acusa o recebimento da seguinte proposição, para a qual designou o relator citado entre parênteses: Projeto de Lei n.º 489 (Deputado Carlos Feitosa).» Se for substituída a palavra relator pela palavra especialista, com as devidas modificações na estrutura da frase, ter-se-ia: «O presidente acusa o recebimento da seguinte proposição, para (?) a qual considerou especialista o deputado Carlos Feitosa.» A meu ver, na frase correta deverá constar «na qual», pois a regência assim o exige. O mesmo se poderia dizer da frase com a palavra relator, pois esta rege de, e não para. Gostaria de uma opinião, que desde já agradeço.
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