Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Filomena Sousa Professora Coimbra, Portugal 11K

Desejava saber se o advérbio de negação desempenha a função sintática de modificador do grupo verbal.

Por exemplo:

«Eu não o tenho visto ultimamente.»

Análise sintática: «Eu» – sujeito simples; «não o tenho visto ultimamente» - predicado; «o» – complemento direto; «ultimamente» – modificador do grupo verbal (O advérbio não não desempenha nenhuma função sintática.)

ou

«(…) não» – modificador do grupo verbal; «o» – complemento direto; «ultimamente» – modificador do grupo verbal

A minha dúvida advém do seguinte:

1. Os modificadores do grupo verbal dão-nos informações acessórias sobre a realização da ação, isto é, indicam-nos as circunstâncias da realização da ação (como os antigos complementos circunstanciais);

2. Nunca vi na antiga terminologia gramatical um complemento circunstancial de negação;

3. Na verdade, com um não não estamos a modificar a ação/dar informação sobre as circunstâncias da realização da ação – estamos apenas a negar essa ação (frase afirmativa vs. frase negativa). Será que “negar a ação” é “modificá-la”? Se se considerar que estamos a “modificá-la”, não existe aqui uma certa confusão conceptual?

Consultei o Dicionário Terminológico (DT), que nos apresenta o seguinte, a propósito do advérbio de negação: «Advérbio de negação Advérbio cujo significado contribui para reverter o valor de verdade de uma frase afirmativa ou para negar um constituinte. Este advérbio pode ser um modificador do grupo verbal ou de um constituinte do grupo verbal.»

Negação frásica:

(i) O João [não] comprou flores à Ana.

[Análise sintática desta frase: «O João» – sujeito simples; «não comprou flores à Ana» – predicado; «não» – modificador do grupo verbal (???); «flores» – complemento direto; à Ana – complemento indireto]

Negação de constituinte:

(iii) O João [comprou à Ana ontem [não flores]], mas livros. (modifica o grupo nominal complemento direto)

[Análise sintática desta frase: «O João» – sujeito simples; «comprou à Ana ontem não flores, mas livros» – predicado; «à Ana» – complemento indireto; «ontem» – modificador do grupo verbal; «não flores, mas livros» – complemento direto]

O não fica de fora. Ficará também de fora na frase de cima (i).

Parece-me haver nesta entrada do DT um conceito diferente de “modificador do grupo verbal”…

Obrigada pela atenção concedida.

Abi João Manuel Ié Estudante Quinhamel, Guiné-Bissau 14K

A minha dúvida é sobre estas duas expressões (i) "faltar respeito" (ii) "faltar com respeito".

Oiço mais, aqui em Bissau, o uso da primeira frase, mas nos filmes, escrituras ou telenovelas portuguesa, oiço só a segunda.

Então, pergunto qual dessas é correta.

Carlos Garcia Professor Porto Alegre, Brasil 10K

Gostaria de saber se a frase a seguir está correta no que se refere à regência do verbo morder:

«O cão mordeu-lhe na perna.»

Obrigado.

María Aparicio Professora Valladolid, Espanha 4K

Gostaria de resolver uma dúvida em relação aos particípios duplos. Geralmente, costuma dizer-se que o particípio regular se usa para a formação dos tempos compostos com o auxiliar ter, e o irregular na voz passiva com os auxiliares estar e ficar, ainda que existam algumas exceções (ganho, pago... etc.).

A minha pergunta é: qual é o particípio que deveria ser utilizado quando a forma funciona como adjetivo?

Por exemplo, na frase «o quadro aceitado/ aceite receberá um prémio de 3000€», qual seria a forma correta?

Muitíssimo obrigada pela atenção.

Cláudia Pinto Professora de Português Lisboa, Portugal 2K

Existe a palavra "confinamento" no português europeu?

Obrigada.

William Coates Programador Lisboa, Portugal 6K

Mandei um SMS a uma amiga com o seguinte texto: «Espero que o espetáculo de teatro corresse bem.» Na resposta ela disse que a forma correta era «Espero que o espetáculo de teatro tenha corrido bem».

Eu percebo que a segunda versão é correta, mas podiam-me explicar qual é o problema com a primeira versão?

Obrigado.

 

Ana Silva Arquiteta Coimbra, Portugal 11K

Pretendo esclarecer se o nome alimentação é contável ou não contável.

Obrigada.

Dionísia Costa Rodrigues Professora Vila Nova de Famalicão, Portugal 42K

Têm-me surgido cada vez mais dúvidas no âmbito dos processos de formação de palavras por derivação.

Por exemplo: infeliz é uma palavra derivada por prefixação; felizmente é uma palavra derivada por sufixação. E infelizmente? É derivada por sufixação (infeliz+-mente) ou por prefixação e sufixação (in-+feliz+-mente)? O Dicionário Terminológico apresenta a derivação por prefixação ou por sufixação e a parassíntese surge como o único caso em que são adicionados prefixos e sufixos...

Obrigada.

Antonio Claret da Silva Aposentado Carmo da Mata, Brasil 10K

«Desejar violentamente uma coisa é tornar-se cego para o demais»[, disse] Demócrito, filósofo.

Como se explica gramaticalmente este final de frase «para o demais»? Está correto ou deveria ser substituído para «as demais» ou equivalentes?

[E em] «O brilho dessa paixão torna-o cego para tudo o mais», esse o em «tudo o mais» é obrigatório na gramática normativa?

Diogo Morais Barbosa Revisor Lisboa, Portugal 5K

É muito comum ler-se, nomeadamente em textos literários, «a meu lado» em vez de «ao meu lado». Pergunta: «a meu lado» é correto, ou trata-se de um erro já muito enraizado na nossa língua?

Muito obrigado pelo vosso trabalho excelente!