DÚVIDAS

Prototipificar/prototipar
Uma pesquisa amadora no Grande Dicionário de Língua Portuguesa sugere-me que, sendo «prototípico» o que é relativo ao protótipo, então criar protótipos deveria ser «prototipificar». A operação correspondente seria, por sua vez, a «prototipificação». Há quem ache, creio que por analogia com o que se faz na língua francesa, que se deveriam usar os termos «prototipar» e «prototipagem». A analogia com o francês parece-me, neste caso, abusiva. Com efeito, em português usa-se a palavra «tipificar» para descrever a redução a um tipo, e a palavra «tipar» nem sequer existe na nossa língua. Em francês, pelo contrário, o Lexis da Larousse afirma que o termo correcto para descrever a redução a um tipo é "typer", enquanto considera que "typifier" corresponde a uma forma rara. Estarão, então, correctas as designações «prototipificar» e «prototipificação»?
Macaense e macaísta
Sou residente em Macau há largos anos e no dicionário de Língua Portuguesa refere-se macaísta como residente ou natural de Macau. Mas por várias vezes dei com o nosso antigo Presidente da República a fazer referências às pessoas de Macau como macaístas. O que acontece é que essa palavra, embora tenha esse significado, nunca a ouvi ser pronunciada em Macau nem as pessoas de Macau gostam de ser tratadas assim. O único termo aceite é macaense, que tem o significado de natural de Macau, principalmente por aqueles que têm mistura chinesa com portuguesa (mestiços) - Qual será a palavra melhor empregue, macaísta ou macaense? Como serão designadas as pessoas que não são mistos, mas são naturais de Macau?
Ter que e ter de 1
«Dir-se-á» que o infinitivo impessoal das frases de que vos servistes, para defender a vossa tese, exerce as funções de um nome e, nunca, as de «predicado» da oração.   Será correcto escrever «tenho muito para contar», «elas tinham muitas coisas para dizer» e «não tens mais nada para fazer?».   De qualquer modo, o vosso argumento não colhe; talvez não tenhais reparado que, se utilizásseis o velho método de perguntar ao verbo «quem?», «que coisa?», concluiríeis que as respostas seriam «contar muito», «dizer muitas coisas» e «fazer mais nada».   Se aqueles verbos fossem o predicado de uma oração, o complemento directo continuaria a não ser o «que».   Julgo ter compreendido a vossa dúvida ao ler a frase «Quando se estuda ter que, costuma-se estudar também ter de...»; o objecto de estudo deveria ser o infinitivo impessoal incluído na oração, que, obviamente, estará ligado aos outros elementos da mesma por uma preposição. «Ter que» e «ter de» são questões complementares, invocadas quando não se consegue ter uma visão global do objecto de estudo.   Se persistir alguma dúvida sobre este assunto não hesitem: consultem-me!   O meu galicismo «face a» fere-me menos os ouvidos e a vista que o "mail" utilizado nos endereços de correio electrónico; eu escrevi palavras portuguesas, sem desvirtuar a sua semântica.
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