Ter que e ter de 1
«Dir-se-á» que o infinitivo impessoal das frases de que vos servistes, para defender a vossa tese, exerce as funções de um nome e, nunca, as de «predicado» da oração.
Será correcto escrever «tenho muito para contar», «elas tinham muitas coisas para dizer» e «não tens mais nada para fazer?».
De qualquer modo, o vosso argumento não colhe; talvez não tenhais reparado que, se utilizásseis o velho método de perguntar ao verbo «quem?», «que coisa?», concluiríeis que as respostas seriam «contar muito», «dizer muitas coisas» e «fazer mais nada».
Se aqueles verbos fossem o predicado de uma oração, o complemento directo continuaria a não ser o «que».
Julgo ter compreendido a vossa dúvida ao ler a frase «Quando se estuda ter que, costuma-se estudar também ter de...»; o objecto de estudo deveria ser o infinitivo impessoal incluído na oração, que, obviamente, estará ligado aos outros elementos da mesma por uma preposição. «Ter que» e «ter de» são questões complementares, invocadas quando não se consegue ter uma visão global do objecto de estudo.
Se persistir alguma dúvida sobre este assunto não hesitem: consultem-me!
O meu galicismo «face a» fere-me menos os ouvidos e a vista que o "mail" utilizado nos endereços de correio electrónico; eu escrevi palavras portuguesas, sem desvirtuar a sua semântica.
