Digo o seguinte, respondendo à vossa consulta:
a) Quanto à presente questão, não defendi nenhuma tese minha. Apenas expliquei o que está estabelecido sobre este assunto.
b) Não se percebe por que razão, segundo as minhas palavras, a forma verbal de infinito é um nome, pois deixei bem claro que o pronome relativo é complemento directo desse infinito. Vejamos a frase: «Tenho muito que contar.» «Contar» o quê? Contar muito (=muitas coisas), representado a seguir pelo pronome relativo que, complemento directo de contar.
Não utilizei o velho processo de perguntar ao verbo «quem?», «que coisa?» Pois não! E para quê, se o caso é claro como água? E tanto o é, que o nosso caro consulente o compreendeu muito bem.
c) Ter de é diferente de ter que. Empregam-se em situações diferentes: ter de indica «obrigatoriedade, estar na obrigação, no dever de»; ter que (em latim, habere quod ou habere quid) apenas se refere à existência de qualquer coisa que há para fazer, de coisa que ainda não foi feita.
Eis aqui a razão por que, quando se estuda ter que, é indispensável estudar ter de. Só assim, compreendendo-se, se poderá ter a consciência do certo e do errado e da diferença entre eles.