Ouvi hoje no «Bom Dia, Portugal» que «há funcionários de baixa médica». Será que se deveria antes dizer que «há funcionários com baixa médica»?
Haverá qualquer justificação para o uso de hífen em situações como a seguinte? «Foi uma sensação mais-do-que-divina.» Quem assim escreve (em tradução) não o fará por influência do inglês? A “more-than-divine feeling”?
Qual é a diferença entre o predicativo do sujeito e o complemento directo/indirecto? Pode suscitar alguma confusão nos alunos, pois ocupam o mesmo lugar na frase.
O manual do meu computador de mergulho, relativamente a misturas enriquecidas com oxigénio, refere misturas «hiperóxicas». Pensei que deveria dizer-se «hiperóxidas». Consultei o DLPC e nada. Fui à Internet e encontrei as duas formas. Agradecia o favor de um esclarecimento.
O nome “traleira” designa um pequeno campo onde se cultivam certos produtos agrícolas. Contudo não encontro este nome em nenhum dicionário que consultei. Gostaria de saber qual a origem deste nome e o(s) seu(s) significado(s).
Solicito a sua ajuda com a conjugação "ireis ter". Estou comparando uma oração em inglês, e tenho uma dúvida a respeito da tradução correta:
«When you arrive in Brazil, you will naturally enjoy doing things the way they should be done.»
Em português foi traduzida assim:
«Quando chegardes no Brasil, naturalmente ireis ter o prazer de fazer as coisas da maneira como elas deveriam ser feitas.»
Gostaria de saber se a expressão "ireis ter" é correta, ou corresponderia a "tereis".
Muito obrigada pela ajuda.
Deparei com o termo «metonímias elípticas» num texto sobre Retórica.
Desconheço, por completo, o seu significado.
Poder-me-ão, por favor, auxiliar?
Muito agradecido fico.
1. O Prémio Camões 2006 – o mais importante galardão literário em língua portuguesa, instituído há 18 anos –, no valor pecuniário de 100 000 euros, foi atribuído1 ao escritor angolano José Luandino Vieira. É a segunda vez que é distinguido um escritor angolano; recordamos que a primeira foi em 1997, com Pepetela. Registamos aqui a enorme satisfação que nos dá este acontecimento, porque assim se contribui para o reconhecimento da presença de Angola no espaço da nossa Língua comum.
2. Entretanto, sugerimos aos nossos consulentes a leitura das Notícias Lusófonas, do Pelourinho e do Correio.
3. Finalmente, deixamos em linha 28 novas respostas, e, de entre as que entraram na semana que ora termina, realçamos as seguintes:
Sobre a história do c de cedilha nas ortografias portuguesa e castelhana
Gentílicos das capitais dos estados do Brasil
Ainda o plural de adjectivos de cores
Bom fim-de-semana!
1 Invocando «razões pessoais e íntimas», Luandino Vieira recusou o Prémio Camões, posteriormente ao seu anúncio.
“Cale”, “cales” ou “cadiz”? Eu tenho uma ideia de que esta(s) palavra(s) devem dar para escrever livros, até porque estão na origem da palavra Portugal. Em Sanfins do Douro, concelho de Cinfães, existe uma capela com este nome e que já tem mais de 900 anos. O meu raciocínio é o seguinte – se esta capela é tão antiga em que me lembra já ter lido de se tratar de uma capela mais antiga do que a nossa nacionalidade e sabendo ainda que Egas Moniz foi dono destas terras todas e que ali viveu com D. Afonso Henriques quando era pequeno, parece-me legítimo interrogar a origem do nome Portugal, pois penso que essa origem está atribuída ao Porto/Gaia em que Cale significa «passagem». Será que não haverá aqui nada esquecido ou ignorado? Há várias referências a este nome: Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, volume 27, página 454: «Agora quanto a nós, apenas diremos que é realmente grande a antiguidade desta devoção e desta ermida, porque as Inquirições de 1258 referem-se a ela neste passo: “carril veterem que venit, de Sancto Fiiz per super Sanctam MaRIAM DE Caees”. É indubitável que se trata da própria ermita.» Cinfães – Subsídio para uma monografia do Concelho, por Bertino Daciano R. S. Guimarães, edição da Junta de Província do Douro-Litoral, 1954, pág. 92: «Dentro da área da freguesia (S. Cristóvão de Nogueira) há porém, outras capelas, quase todas particulares: [...] da Senhora de Cádiz ou Cáliz (ou Cales) [tem uma nota: “Vid. Textos Arcaicos, do Dr. J. Leite de Vasconcelos, 3.ª ed. Lisboa, 1923, pág. 144”] Monografia do Extinto Concelho de Sanfins da Beira, de Manuel de Castro Pinto Bravo, edição Marânus – 1938, páginas 160 a 163: «A capela pública de Nossa Senhora das Cales...» Na «História Eclesiástica da Cidade e Bispado de Lamego», um antigo documento (que existe na igreja de Piães) menciona uma capela de Nossa Senhora e nele encontra a seguinte legenda, que nela se imprimiu, em a «Real Architypographia Académica de Coimbra», no ano de Cristo de 1765, que diz: AUOUSTISSIMÆ COEL.ORUM REGIÆ PLÆENISSIMÆ GRATIARUM MATRI MARIÆ SCILICET V1RG1NI Sub suo miraculosissimo titulo VULGO DAS CALES, CUJUS Praeciosissima Imago Ob innumera Prodigia ingenti concursu Populi Devotissimè veneraíur itt Oppido Divi jacobi» O Sr. Dr. José Leite de Vasconcelos, na sua obra Textos Arcaicos, 3.ª ed., pág. 54, relata a lenda da vinda de Hércules, de Espanha a Lisboa, e da sua partida para Entre-Douro-e-Minho, onde estava Geryão (rei fabuloso da Ibéria). E de tal lenda para aqui extraio o seguinte excerto, na sua arcaica ortografia: «Despois que Hercolles ouue feytas aquelias duas ymagêes de Callez e de Seuylha, como ia ouuistes, ouue sabor de ueer toda a terra d'Espanha, e partio-sse desse lugar de Seuylha per a costa do mar ataa que chegou ao logar em que agora pobrada Lisboa.» Na pág. 144, diz o ilustre professor, em anotação: «Callez. Em port. ant. dizia-se Calez ou Caliz o que hoje se diz “Cadiz”; ainda nos Diálogos, de Arraiz, 2.ª ed, Coimbra, se lê Caliz, a fl. 115, r., col. L; no Dícc. Lusit-Lat, de nomes proprios, de Polares, Lisboa, 1067, pág. 467, lê-se já «Cadiz ou Caliz». Na Crónica General ha igualmente «Caliz». Embora de recatada modéstia arquitectónica, e minguadas proporções, está na tradição que a ermida da Senhora das Cales foi edificada pelos anos de 1700, no lugar em que havia uma antiga capelinha, onde se venerava a imagem da Senhora, cuja imagem, segundo a lenda, tinha sido trazida de Espanha, no tempo da denominação agarena, por uns cristãos figitivos. Se for possível, gostaria de saber qual a relação com o "cales" que deu origem a Portugal, dado que esta capela já é anterior à nossa nacionalidade.
Verifico que nalguns textos dramáticos as didascálias aparecem em itálico e também entre parêntesis, e noutros só numa destas situações. Gostaria de saber se há alguma diferença entre surgir em ambas as situações ou apenas em uma delas.
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