O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa regista unha-de-fome e unhas-de-fome. Não é clara a origem desta expressão, embora haja uma série de locuções, de sentido negativo ou depreciativo, em que unha participa. O referido dicionário indica algumas delas: «à unha: manualmente, com as mãos Ex.: pegar o touro à unha a unha ou a unhas de cavalo: a toda pressa; apressadamente a unhas: com muito esforço; trabalhosamente deitar as unhas em: 1 apoderar-se com fraude ou violência de; 2 segurar ou agarrar (algo ou alguém) enterrar ou meter a unha: cobrar preço exorbitante estar na unha: Regionalismo: Rio Grande do Sul. Uso: informal. estar sem dinheiro fazer as unhas: fazer higiene das unhas, cortando-as, lixando-as e embelezando-as com esmalte mostrar as unhas: revelar aspectos desagradáveis de sua personalidade, esp. suas tendências autoritárias por uma unha negra Regionalismo: Portugal: por pouco, por um triz ter na ou nas unhas: estar de posse de; ter em seu poder ter unha: ser perito na viola ter unhas na palma da mão: ser ladrão, ter o hábito de roubar» É curioso que nestas expressões se transmite a ide[é]ia de avidez, agressividade e escassez (financeira ou metafórica). Talvez a expressão em causa tenha que ver com imagem de alguém que “deita as unhas” a tudo, não deixando nada a ninguém, o que pode metaforicamente corresponder a deixar os outros à fome. Historicamente, podemos conjecturar que a expressão se relaciona também com outra imagem negativa, por exemplo, a que os cristãos tinham dos judeus que conseguiam obter rendimentos dos bens que acumulavam à custa das suas poupanças. Pode-se ainda imaginar que, dado que a unha ou as unhas simbolizam as garras que possuem alguns animais, aqueles que agarram o dinheiro ou os bens e não gastam nem sequer para comer tornam-se piores que os animais, porque esses, pelo menos, saciam a sua fome.