O topónimo Cagliari
Como deve ser escrito o topônimo italiano Cagliari em língua portuguesa e qual seria o seu gentílico?
Pesquisando na Internet me apareceram as seguintes formas: "Cálari", "Cálhari" e "Cálher". Caso exista mais de uma forma correta, qual seria a mais usual?
Tempos verbais na primeira estrofe de Os Lusíadas
Ao longo dos séculos, a ortografia nas diversas edições de Os Lusíadas evoluiu.
Por exemplo, “Occidental praya” passou a ser «Ocidental praia»,” “Daquelles reis” passou a «Daqueles reis», "A fee, o imperio” passou a ser «A fé, o império», “forão dilatando” passou a ser «foram dilatando». Todos estes casos são evidentes e sem controvérsia.
Uma outra alteração surge no final da primeira estrofe: «entre gente remota edificarão….que tanto sublimarão» passou a ser «entre gente remota edificaram …que tanto sublimaram».
Esta alteração parece ser também banal. Mas é mesmo incontroversa?
Será que o poeta não queria terminar a primeira estrofe no futuro?
Se a estrofe terminasse no futuro e não no pretérito, o texto teria sentido: ele vai cantar os primeiros grandes navegadores portugueses (Vasco da Gama e companheiros) que passaram além da Taprobana e que posteriormente à narrativa – ou seja no futuro -- vieram a edificar e sublimar.
Note-se também que nessa primeira estrofe, na primeira edição surge «passaram ainda alem da Taprobana» e não «passarão ainda alem da Taprobana». Assim, duas perguntas concretas:
1/ Se no final do século XVI, o pretérito se escrevia como “edificarão / sublimarão ,” como se grafava o mesmo verbo no futuro (ou seja como se distinguiam as palavras que agora grafamos como edificaram e sublimaram?
2/ Que certeza temos que o poeta desejou terminar a primeira estrofe no pretérito e não no futuro?
A conjunção subordinativa comparativa quanto
Eu e alguns colegas entramos numa boa discussão gramatical devido à frase: «Circe faz você tão tentadora quanto à mais bonita sobremesa.»
Entendemos que o acento indicativo está equivocado (estamos corretos?); mas apresentamos uma divergência: a frase está equivocada, pois apresenta apenas um artigo ou uma preposição?
Não consigo ver a frase citada apresentado a preposição; porque, em estruturas semelhantes, a "preposição" não aparece; porém fiquei na dúvida.
Obs.: Eu entendo que «quanto a» significando «em relação a» tem preposição; mas a estrutura da frase citada parece-me muito com as estruturas dos graus dos adjetivos que não usam a preposição.
Desde já, agradeço-lhes a enorme atenção.
O adjetivo e nome «cor de coral»
Ando a aprender português há dois anos e meio e, hoje, não consegui encontrar na Internet a resposta à minha dúvida. Como todos os estudantes de português aprendem, há duas cores (laranja / «cor de laranja», e rosa / «cor-de-rosa») que não variam em género nem em número, porque as palavras laranja e rosa são substantivos. Hoje comecei a pensar na cor alaranjada que podemos chamar da cor coral. Pelo que entendi, também é possível dizer tanto coral, como «cor de coral» («uma saia coral» / «uma saia cor de coral» ou «um batom coral» / «um batom cor de coral»).
Na Infopédia encontrei a forma plural deste adjetivo – corais. Além disso, encontrei vários exemplos na Internet com expressões como «batons corais», «flores corais», etc. No entanto, o ChatGPT afirma que o adjetivo coral é invariável, porque vem do respetivo substantivo.
Então, a minha pergunta é: qual forma do plural está correta: "coral" ou "corais"? Por exemplo:
1) umas saias coral / umas saias corais / umas saias cor de coral
2) uns batons coral / uns batons corais / uns batons cor de coral
Agradeço antecipadamente a vossa resposta! Este site é tesouro para quem quer aprender a falar melhor português!
A expressão expletiva «é... que...»
No período «É a tarde que chega», ocorre o emprego da expressão expletiva «É... que», caracterizando um período simples, ou trata-se de um período composto formado por duas orações distintas («É a tarde» e «que chega»)?
Além disso, na análise sintática do período, o sujeito da forma verbal chega é «tarde» ou «que»?
Obrigado!
A conjugação de instruir
Pode dizer-se «certidão que instrói o recurso», ou deve, apenas, dizer-se «certidão que instrui o recurso»?
O complemento de incentivar
Esta frase está correta?
«Estas t-shirts, que julgo que já estão expostas, são incentivadas pelo Sr. Diretor para uso em saídas ao exterior.»
Foliação e "foliatação"
Há quem use, por influência francesa, o termo "foliatação", em vez de foliação, para designar a numeração dos fólios num manuscrito ou impresso antigo.
Dado que numerar folhas é um dos sentidos, recolhido em dicionário, do verbo foliar, a forma derivada correcta será foliação.
Foliatação suporia a existência, em português, do verbo "foliatar".
Pergunto se "foliatar" está atestado e, em caso negativo, se posso argumentar, baseado na coerência linguística, que se deve preferir a forma "foliação" ao galicismo "foliatação".
A expressão «fazer (a) cirurgia»
Gostava de agradecer o vosso trabalho. Tem sido muito esclarecedor para os seguidores do Ciberduvidas. Muito obrigada!
Deixo aqui uma frase de uma amiga que me gerou dúvidas: «... não sei se é para fazer a cirurgia às cataratas.» A minha dúvida está em «às cataratas». Eu diria das cataratas. Qual é a correta?
Obrigada pela vossa atenção e pelo vosso trabalho!
Que expletivo: «Até que era engraçado!»
Como se deve dizer: «até que era engraçado!», ou «até era engraçado!»?
Qual a função do que aqui?
Obrigada.
