Na Internet leio muitas vezes que a regra de uso dos substantivos biformes e uniformes é simples:
Os substantivos biformes possuem uma forma para o masculino e outra para o feminino:
Ele é um menino muito educado/Ela é uma menina que canta bem.
Ele é um ator famoso/Ela é uma atriz fantástica.
Já os substantivos uniformes têm uma só forma para ambos os géneros:
Ele é um estudante da FLUL/Ela é uma estudante da FLUL.
O João é o nosso principal cliente/A Joana é a nossa principal cliente.
Porém, já há muito tempo que reparei que nem sempre tal é o caso. Talvez esteja enganado, mas parece-me que com alguns substantivos biformes que possam ser referência tal como ao sexo masculino quer ao feminino, pode-se usar a forma masculina para representar ambos. Não sei bem porquê, mas as seguintes frases não soam tão estranho. Aliás, até me parece ser mais sofisticado que se usasse a regra acima descrita:
Ela é um deputado do Partido Socialista.
A Joana continua a ser um dos melhores alunos da nossa escola.
A minha mãe foi sempre um cidadão exemplar para a nossa sociedade.
A Paula Mendes exercerá temporariamente as funções de diretor da escola.
Quando crescer, ela diz que gostaria de ser um professor na escola onde estuda agora.
Marta Braga foi o último ministro da saúde competente que Portugal teve.
Vi num livro publicado pelas Testemunhas de Jeová (Seja Feliz Para Sempre!, p. 79) o seguinte título:
«Será que as Testemunhas de Jeová são cristãos verdadeiros?».
A minha dúvida é: porque é que a concordância não é/está «cristãs verdadeiras»? Afinal, quem é sujeito e quem é predicativo?
Agradeço a ajuda!
Faço parte de uma ordem profissional que tem como categoria de membros: membros estagiários e membros honorários.
A questão é como se deve identificar alguém do sexo feminino: devo dizer «sou membro estagiário da Ordem» ou «sou membro estagiária da Ordem»? «Membro honorário da Ordem» ou «membro honorária»?
Muito obrigada!
Numa rede social o grupo é composto pelos dois sexos. Na seguinte troca de mensagens por dois elementos (F – feminino e M – masculino):
«F - Bom fim de semana, minhas caras.
M - ... e meus caros!
F1 - Disse bem, minhas caras! Somos todas pessoas!»
É correta a justificação invocada por F1 ou deveria ser sempre «meus caros», conforme M, de modo a abranger todo o grupo?
Para a frase de F estar correta, não deveria ser especificado o vocábulo pessoas, apesar de soar muito mal?
Agradeço o vosso empenho em prol da língua portuguesa.
Qual a frase correta?
«Foram realizadas centenas de protestos», ou «foram realizados centenas de protestos»?
Ouço com frequência, especialmente no telejornal, algo de que dou exemplo – «os antibióticos perderam eficácia devido à capacidade que as bactérias têm de lhes resistirem...» – quando, penso, deveriam dizer «devido à capacidade que as bactérias têm de lhes resistir».
Num simples exercício para verificar a correção da mensagem: as bactérias têm capacidade de quê? – de resistir (aos antibióticos) e não de resistirem...
Qual a expressão correta: «Praticamente metade da superfície agrícola em Portugal são pastagens» ou «praticamente metade da superfície agrícola em Portugal é pastagens»?
Obrigada.
Gostava que, se possível, me explicassem duas dúvidas. Na frase:
«61% dos portugueses não leram um só livro no último ano.»
– O verbo ler deve estar no plural, como está, ou deveria estar no singular (leu) uma vez que o sujeito é 61%?
– O uso do só nesta frase está correto (no sentido de «único») ou no fundo faz com que o sentido da frase seja exatamente o oposto do que o jornalista quer dizer que seria: «61% dos portugueses leram somente um livro.»
Espero não ter sido confusa. No fundo queria saber se a forma verbal e o uso de só estão corretos nesta frase.
Muito obrigada e obrigada por nos ajudarem a entender melhor a nossa língua.
A palavra "nadador-salvador" varia em género (nadadora-salvadora)?
No Portal da Língua Portuguesa, o termo feminino não aparece. No entanto, é indicado na Infopédia e no Priberam.
Obrigada.
Minhas dúvidas estão em volta de uma coisa que foi me ensinada no ensino fundamental e que eu diversas vezes presenciei: que, quando numa sala cheia de "garotas" e com somente um "garoto", os termos corretos a se dizer são sempre no masculino, por ex., «todos vocês».
Logo, se há mais de um gênero de pessoas num mesmo espaço, é obrigação do enunciador dizer os termos em masculino.
Isso não implica que o gênero masculino é também, em determinadas circunstâncias, o termo neutro da língua portuguesa?
Logo, mesmo me referindo a um grupo formado somente por não-binários e mulheres, o correto termo a usar é “eles”.
Então, o termo neutro da língua portuguesa, (pelo que eu entendo ser o “elus”), só pode ser usado para se referir a um grupo de não-binários, e não a todos os gêneros que forma o espectro?
Seria tudo isso correto, ou o uso do masculino, quando se fala com o público geral, é só um sinal do machismo/misoginia na língua portuguesa?
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