DÚVIDAS

Complemento do adjetivo: «importante para você»
Por obséquio, esclareça-me estas questões: 1. Na oração «Este cartão de crédito é importante para você», qual a função sintática da palavra importante e da expressão «para você»? 2. Nessa oração, o verbo ser poderia ser tratado como um «verbo transitivo direto e indireto» (pois quem é, é algo para alguém), de modo que a palavra importante seria objeto direto e a expressão «para você» seria objeto indireto? Obrigado.
Dativo ético: «coma-lhe e beba-lhe»
Estou lendo O crime do padre Amaro e vi que o Eça às vezes usa expressões como «beba-lhe» e «coma-lhe», assim mesmo, no imperativo. Cito: «E quando as beatas, que lhe eram fiéis, lhe iam falar de escrúpulos de visões, José Miguéis escandalizava-as, rosnando: — Ora histórias, santinha! Peça juízo a Deus! Mais miolo na bola! As exagerações dos jejuns sobretudo irritavam-no: — Coma-lhe e beba-lhe, costumava gritar, coma-lhe e beba-lhe, criatura!» Como explicar esse «lhe»?
O verbo abarrotar
O verbo abarrotar-se é reflexo ou pseudorreflexo? Em português correto, ele seleciona sempre o pronome se ao mesmo tempo que seleciona a preposição de ou com? E se o verbo abarrotar-se é pseudorreflexo, porque é que o é, se é igualmente verbo transitivo no sentido de «atestar, de encher algo até ficar cheio»? Não será, pois, possível dizer-se: Abarrotei a mim e ao Paulo com comida.  Muito obrigado!
Complemento indireto no português coloquial de Angola
Aqui em Angola, ocorre, tanto na linguagem oral como na escrita, um fenómeno linguístico que consiste em começar a frase com sujeito indeterminado e no final dela explicitar o sujeito começando com a preposição em. Exs.: *Lhe bateram no João. *Vão ralhar na Mingota. *Roubaram o teu arroz no Joaquim. É bem provável que essas construções estejam erradas do ponto de vista normativo, mesmo assim, gostaria de saber uma possibilidade de análise sintáctica, principalmente a do sujeito iniciado por em («no João», «na Mingota», «no Joaquim»). Uma hipótese que melhor descreveria esse fenómeno, qual seria? Muito obrigada!
«Matar com ferro» e «matar à paulada»
Estou a fazer uma tradução e, com base na máxima «com ferro se mata, com ferro se morre», surgiu-me a seguinte dúvida: posso dizer «matou uma a ferro e outra à fome», ou terei mesmo de dizer «matou uma com o ferro e outra à fome»? Matar pede a preposição a apenas em frases como «matou à fome», «matou à pancada», «matou à paulada», ou pode ser extensível a outros casos que não encontro na net nem em livros? Reconhecido pela atenção dispensada, despeço-me com respeitosos cumprimentos.
Uso coloquial: «deixa eu ver»
Por motivos familiares, convivo frequentemente com brasileiros, todos eles com cursos superiores. Uma das frases que pronunciam repetidamente e que me choca bastante é «deixa eu ver», «deixa eu fazer». Já tentei explicar que a frase está mal construída. Inutilmente. É de tal forma que até eu já tenho dúvidas! Estas construções estão efetivamente erradas? Agradeço os vossos sempre úteis esclarecimentos
Oração reduzida de infinitivo: «sem se ver»
No verso de Camões «Amor é um fogo que arde sem se ver», seria correto dizer que «sem se ver» seria um adjunto adverbial de modo? Quer dizer: o modo como se arde é «sem se ver» (ou no caso, com o pronome apassivador se = arde sem ser visto). Seria «sem se ver» um adjunto adverbial de modo (termo acessório) do predicativo «arde»? Poderiam me responder por enorme gentileza? Obrigado.
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa