Devido a um anúncio publicitário, eu e o meu pai ficámos com uma ideia diferente do significado do que estava escrito no anúncio!
A frase é:
«Um dia vais achar que sair à noite é ir deitar o lixo fora. (Quando esse dia chegar, não lhe ligues).»1
A parte da segunda frase «não lhe ligues» refere-se a quem?
A uma terceira pessoa subentendida, ou ao «dia»?
Desde já agradeço a resposta!
1 Na referida campanha publicitária, feita em Portugal, a frase que realmente ocorre é «quando esse dia chegar, não lhe fales».
Sou frequentadora assídua das páginas do Ciberdúvidas. Aqui encontro respostas às mais diversas dúvidas que, por vezes, se apresentam enquanto escrevo. Sem dúvida, este é um espaço no qual se encontram orientações elaboradas de forma clara, correta e objetiva.
No entanto, quero tecer alguns comentários a respeito da resposta dada às questões do texto Sobre a próclise, a mesóclise e a ênclise (Edite Prada :: 04/05/2004).
As respostas apresentadas ao consulente são bastante elucidativas, porém as justificativas dadas ao uso do pronome no Brasil são, no meu modo de pensar, extremamente superficiais. Aliás, nem se pode falar no plural, pois há somente uma: "porque obedece à regra geral".
No Brasil, há, sim, um distanciamento natural entre a fala e a escrita, por motivos que vão muito além do mero descaso para com a língua – há raízes históricas e problemas estruturais graves.
No que concerne à norma culta, mais especificamente à escrita, preconiza-se o uso das regras. Dessa forma, as justificativas aqui deveriam levar em conta as normas gramaticais e não o uso informal da língua, pois dá a impressão de que no Brasil os gramáticos concordam com esta "regra geral" e que as escolas adotam-nas.
O brasileiro, ainda que tenha bons conhecimentos e uma sólida formação, estabelece diferenças entre as diversas situações de uso da língua. Eu arriscaria dizer que, com relação à fala, somos muito mais "situacionais" – "contextuais" do que propriamente "gramaticais".
Eu disse com relação à fala, pois os que fazem uso do padrão culto na modalidade escrita sabem que as regras existem e que a gramática é normativa.
Felicidades a todas(os) e parabéns pelo inestimável trabalho de aclarar as dúvidas e clarear os espíritos.
Grata.
Gostaria de poder fazer uma tréplica em relação à construção «A ou B, complementando com C». A dúvida original não foi solucionada pela construção lógica [ARBITRARIAMENTE] utilizada. A questão é exatamente saber que construção lógica adotar:
(A V B) Λ C ou A V (B Λ C)
Ora, substituindo-se a vírgula pela conjunção aditiva e (Cunha e Cintra), a estrutura da frase «A ou B, complementando com C» ficará:
A V B Λ C
Para a lógica booleana, o conectivo ou (V) equivale ao sinal de adição (+) e o conectivo e (Λ), ao de multiplicação (.). A partir daí, vale a regra de prioridade das operações fundamentais envolvidas numa expressão matemática: a multiplicação tem prioridade sobre a adição. Logo, a expressão A V B Λ C se reduzirá a:
A + B.C
Em conclusão, C só se aplica a B. Não cabe qualquer dúvidda quanto a isso. Quem estudou lógica booleana e trabalhou com circuitos integrados TTL sabe muito bem disso. Podemos afirmar com toda certeza que a construção em debate corresponde ao circuito eletrônico assim formado:
Uma porta OR (em inglês) que tem por entradas o valor A e o resultado de B AND C.
Noutros termos, somente oficiais aviadores terão de atender às opções 1, 2 ou 3 (a uma ou a mais de uma).
P. S.: Além do mais, no caso concreto, não haveria sentido em distinguir oficiais aviadores dos demais candidatos de nível superior (utilizando um OU). Em todo caso, espero ter sido esclarecida a confusão com os argumentos acima. O debate até agora foi muito esclarecedor para mim. O que vocês acham?
Existe que tipo de coesão quando um texto é produzido apenas de orações absolutas? Por exemplo, «Acordou. Levantou. Andou. Lavou-se. (...)»
Grato.
Se considerarmos apenas este tipo de construção, qual é a opção preferível?
«Uma vez que a empresa está a aproximar-se cada vez mais da falência, a mesma deve adoptar medidas imediatas»
ou
«Uma vez que a empresa está a aproximar-se cada vez mais da falência, deve adoptar medidas imediatas.»
Existe, neste caso, uma regra que determine a utilização ou a não utilização de um sujeito na segunda oração?
Muito obrigada.
No seguimento desta outra pergunta, surgiu-me a seguinte dúvida: se, em vez de a segunda frase possuir um sujeito subentendido, tiver um pronome pessoal, a concordância deverá ser mantida ou não. Isto é, qual dos dois exemplos seguintes estaria correcto?
«O grupo fez algo. Eles seguiram...»
«O grupo fez algo. Ele seguiu...»
Obrigado.
Gostaria de obter informação sobre o formato de categorias sintácticas, nomeadamente a distinção entre "pro" e "PRO".
Grata pela atenção.
Num determinado contrato de mandato de gestão consta a seguinte frase:
«A sociedade XXX será responsável por qualquer prejuízo decorrente do exercício negligente deste mandato, designadamente decorrente do incumprimento pela sociedade XXX de qualquer legislação ou regulamentação aplicável àquela, ou decorrente da realização de menos-valias relativamente ao valor dos activos financeiros à data em que foram confiados à sociedade XXX para serem geridos no âmbito deste contrato, e pelas obrigações fiscais resultantes dos rendimentos obtidos em consequência do referido mandato.»
Solicitamos que, relativamente à frase acima, se dignem esclarecer se o conceito de «exercício negligente» aí expresso abrange, ou não, a realização das aí referidas «menos-valias».
Permitimo-nos uma chamada de atenção para o facto de a frase «(…) designadamente decorrente do incumprimento pela sociedade XXX de qualquer legislação ou regulamentação aplicável àquela (…)» se encontrar entre vírgulas.
Obrigados.
Li em uma gramática, não me recordo qual, que o antecedente do relativo cujo deve ser diferente do conseqüente, mas em «Toda mãe cuja mãe morre fica triste sempre», a construção é possível, certo? E então? Há algum apoio gramatical que anule o que li? Espero resposta.
Grande abraço!
Gostaria de saber se, na frase «A Comissão Executiva é constituída por um Presidente e quatro Vogais que representem cada um dos grupos de investigação, nomeados pelo Conselho Científico sob proposta da Direcção», se entende que todos os elementos constituintes da Comissão Executiva são nomeados pelo CC sob proposta da Direcção, ou se, da forma como está escrita, deixa entender que apenas os quatro vogais serão nomeados pelo CC sob proposta da Direcção?
Muito obrigada.
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