A palavra as (neste contexto) não é um pronome pessoal, porque os pronomes pessoais acusativos -o, -a, -os, -as desempenham apenas a função sintática de complemento direto:
a) «Eu conheço as parábolas chinesas.»
b) «Eu conheço-as.»
Trata-se inequivocamente de um pronome demonstrativo, que substitui o nome parábolas e constitui o antecedente do relativo que, o qual desempenha a função de sujeito do verbo existir.
O, a, os, as são pronomes demonstrativos (formas átonas) quando surgem na frase antes de que ou de, ou ainda adjacentes ao verbo.
Celso Cunha e Lindley Cintra dizem o seguinte, na pág. 340 da sua Nova Gramática do Português Contemporâneo:
O demonstrativo o (a, as, os) é sempre um pronome substantivo e emprega-se nos seguintes casos:
a) quando vem determinado por uma oração ou, mais raramente, por uma expressão adjectiva, e tem o significado de aquele(s) e aquela(s):
Ingrata para os da terra, boa para os que não são.
Se o nome parábolas estivesse presente na oração coordenada copulativa, a palavra a seria um determinante artigo definido:
c) «Existem velhas parábolas chinesas sobre tudo, e as parábolas que não existem a gente inventa.»