DÚVIDAS

«Molho bechamel»
Recentemente, entre colegas, surgiu a dúvida de como se escreve "bechamel" (de «molho bechamel»). Uns diziam que tem acento no primeiro e, sendo então "béchamel", e outros diziam que não tem qualquer acento. Os argumentos a favor do acento foram que a palavra é francesa e as palavras estrangeiras não são alteradas, e que em alguns produtos vendidos está escrito na embalagem «molho béchamel"». Quanto à palavra ser de origem francesa (não sei se é ou não, mas deduzo que sim) penso que não interessa para o caso. Muitas palavras portuguesas são de origem estrangeira, no entanto são adaptadas à nossa língua. Quanto a vir escrito com acento em embalagens, a mim não me diz absolutamente nada. Se em rádios, televisões, telejornais..., todos os meios de comunicação, leio e ouço com frequência erros graves de português, não é certamente por produtos comerciais que me vou guiar para encontrar a forma correcta de escrever seja que palavra for. Eu sou da opinião de que não tem acento por dois motivos para mim mais fortes que os anteriores. No dicionário online da Priberam a palavra é escrita sem acento e a sílaba tónica da palavra é "mel" (penso não estar errada — uso a infalível técnica de "chamar pela palavra"), logo não terá acento em nenhuma outra sílaba. Quanto a vir escrita sem acento no dicionário online, para mim é um ponto a favor bastante forte, apesar de admitir que quem a escreveu possa ter cometido um erro, no entanto, quero acreditar que o rigor de um site que é um dicionário da língua portuguesa é muito superior ao de qualquer outro site. Quanto à sílaba tónica ser "mel", isso faz-me ter 99,99% de certezas que a palavra se escreve sem acento. Os únicos 0,01% de dúvidas poderão estar relacionados com o facto de poder admitir que se a palavra for francesa, sem tradução, e se em francês se escrever desse modo, então tem acento. Portanto, e após a minha longa exposição sobre o tema, gostaria de ver esclarecida esta questão.
Sobre a palavra usinagem
Tenho-me deparado com a palavra usinagem em diversos textos de origem brasileira. Sei que deriva de usina, palavra usada no Brasil e derivada do francês usine = «fábrica», mas julgo que não se pode traduzir simplesmente por fabricação. No dicionário online Infopédia aparece o seguinte: «1. MECÂNICA operação que tem por objectivo dar forma à matéria-prima 2. MECÂNICA acabamento de uma peça metálica no torno mecânico» Poderemos então utilizar como sinónimo a palavra conformação/conformar (dar forma) ou acabamento/acabar? Obrigado pela atenção.
Sobre o nome e grafia da letra qui (alfabeto grego)
Relativamente ao estranho quiasmo de um consulente lisboeta, em 23/11, na consulta Quiasmo e anástrofe, respondida por Pedro Mateus, gostaria de comentar e ao mesmo tempo perguntar sobre a pronúncia da letra grega χ, ali transliterada foneticamente para "qui". Assim já a encontrei em diversos registros, mas acredito que assim se imagina, em português, por não termos em nossa língua o som aspirado do "h" em inglês, do "j" em espanhol ou de outros em outras línguas que não me vêm à memória, neste momento. Pediria um esclarecimento, não sem antes dizer ao consulente lisboeta que existem, aqui no Brasil, uns versinhos sobre o tipo, o ambiente e a condição de quem escreve poesias nesse inusitado local: «Triste sorte, triste sina, ser poeta, de latrina» Obrigado, e desculpem o tom jocoso no final; minha consulta, no entanto, é séria.
O vocábulo umbilicista
Lembro-me de uma polémica entre José Régio (com quem convivi) e um crítico literário que o acusava de ser um “umbilicista”, de “olhar o próprio umbigo”.Simplesmente, não encontro a palavra “umbilicista” dicionarizada. Todavia, em alguns textos portugueses e espanhóis, o vocábulo em questão lá surge.Existe ou não este vocábulo em português? — evidentemente, como palavra derivada do étimo umbigo.Obrigado.
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa