DÚVIDAS

Sobre a palavra transgénero
O conceito de transgénero tem sido utilizado mais recentemente também como adjectivo. Nesse sentido a associação ILGA Portugal tem vindo a utilizar a expressão «pessoa transgénero» (sendo o nome completo pela qual se auto-identifica de Associação ILGA Portugal — Intervenção Lésbica, Gay, Bissexual e Transgénero, ao contrário de outras entidades nacionais, como a organização da Marcha LGBT no Porto, que preferem a expressão «pessoa transgénera». Comentários sobre esta situação são bem-vindos (e obrigado por já terem esclarecido no passado esta questão do "bem-vindos"!).
Ipseidade, ipsalateral e o neologismo ipsativo
Quando por exemplo se analisa o grau de progresso de um atleta em função do seu melhor desempenho prévio, diz-se em inglês que se está a fazer uma avaliação ipsative, ou seja, do próprio contra ele próprio. Não encontro um vocábulo equivalente em português, ainda que aquele termo, bem como os seus derivados (e.g., ipsatization) derivem do latim ipse. Não existindo, porque não se cria? Será que as propostas "ipsativa"/"ipsatização" fazem sentido?
Sobre a palavra "monetização"
Derivado do inglês to monetize (fazer dinheiro, criar receitas, transformar algo em lucro) vai aparecendo a palavra monetização. A minha dúvida não é tanto se é correcto usá-la ou se há ou não um bom substituto em português para este neologismo, mas se é legítimo «criá-lo», usá-lo, se temos essa liberdade?Obrigado.PS — Em alguns textos discutiu-se a palavra "costumização". Penso que ela não tem o sentido que lhe foi dada pelos vossos especialistas, mas sim «personalização (de conteúdos)».
Sobre o neologismo "cadeirante"
Criou-se há pouco tempo o vocábulo "cadeirante" aqui no Brasil para substituir, creio, o circunlóquio "usuário de cadeira de rodas" ou talvez seja mais um eufemismo. Aliás, há uma prodigalidade de inventar expressões amaneiradas ou adocicadas neste país: os aleijados foram suplantados pelos "deficientes físicos", os cegos chamam-se "deficientes visuais", os surdos são agora "deficientes auditivos", os doidos foram substituídos pelos "deficientes mentais", os leprosos são "hansenianos", os mongolóides passaram a denominar-se "portadores da síndrome de Down", as crianças retardadas ou atrasadas são "excepcionais ou especiais" (como se as demais crianças não fossem especiais!), os velhos passaram a chamar-se "os da terceira idade ou melhor idade". (Gostaria de entender por que há tanta preocupação com eufemismos. Não é melhor dizer a verdade? Ocorre, porém, que a verdade muitas vezes dói...) Tudo isso são caricaturas lingüísticas de mau gosto. Não me deixo levar por tais leviandades de expressão. Daqui a uns dias os inventores de bizantinices eufemísticas talvez queiram corrigir a Bíblia: cegos, coxos, paralíticos, leprosos, velhos, surdos, lunáticos, doidos, mudos etc. Está errada a Bíblia? Pois bem, no Brasil existe esta mania de quererem mascarar a realidade (não sei se a mesma coisa se dá em Portugal). Quero voltar ao vocábulo "cadeirante". Ora, de amar temos amante, de secar temos secante etc. Existe todavia o verbo "cadeirar" para que se abone o "cadeirante"? Parece-vos bem formado o neologismo "cadeirante", ou não passa de mais um abuso? Desejo conhecer-vos a opinião. Muito grato.  
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa