Para quem sabe um pouco de inglês, a tentação de traduzir conceitos à letra é grande, sobretudo quando se observam certas equivalências formais, como esta: palavras que terminam em -sive em inglês acabam em -sivo em português (evasive = evasivo, passive = passivo, intensive = intensivo...).
Contudo, essas equivalências nem sempre são fiáveis (comprehensive nem sempre significa o mesmo que compreensivo, abusive pode ser abusador, etc.) e muitas vezes não podem, sequer, ser estabelecidas, pois numa das línguas o termo que pensamos ser equivalente ao da outra não existe. É o caso de “pervasivo” (pervasive), que não consta dos dicionários de língua portuguesa, nem mesmo dos especializados na área da medicina.
Na Internet, porém, o Google regista 1830 ocorrências da palavra “pervasivo” em páginas escritas em português. Em muitas delas, o adjectivo é usado no âmbito da informática e sobretudo por falantes brasileiros.
Pervasive significa, então, «que se infiltra, que penetra; espalhado, difuso; penetrante».
Pode ainda ser usado com o sentido de «ubíquo, universal». Mas, no domínio específico das doenças psiquiátricas, a expressão pervasive development disorders (caso do autismo) pode ser traduzida por «transtornos invasivos do desenvolvimento». Segundo um artigo científico disponível na Internet, «Os transtornos invasivos do desenvolvimento, classificados no Manual Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV), da Associação Americana de Psiquiatria (APA, 1995), caracterizam-se por prejuízo severo e invasivo em diversas áreas do desenvolvimento: habilidades de interação social recíproca, de comunicação e atividades estereotipadas».