DÚVIDAS

Sobre alcoolemia e bué
A esmagadora maioria (mas não a totalidade...) dos especialistas da língua portuguesa condena o uso do neologismo "massivo", justificando que já temos maciço, esta, sim, em português escorreito, a derivação genuína de massa. No entanto, segundo Conceição Saraiva, "massivo" é legítimo num determinado contexto (v. nota A classificação morfológica de tal), sendo ilegítimo em todas as restantes situações. Também C. R. (nota Sobre o advérbio de modo maciçamente) faz referência ao uso de "massivo", não como sinónimo de maciço, mas, sim, como «substantivo que representa um conjunto que não é passível de ser dividido em partes singulares que se possam enumerar, contar». Pergunto então: fará sentido "importar" a palavra para lhe dar apenas o significado restrito descrito pelos dois especialistas citados, sem a aceitar no sentido em que é comummente utilizada? Não poderá também, naquele caso, ser substituída por maciço? Ou então, como em tantos outros casos (até porque já há alguns dicionários que a registam), parar de lutar e aceitar pura e simplesmente a introdução do "massivo" tão do gosto dos nossos jornalistas, que no fundo são os principais responsáveis pela sua generalização? Há coisas que, por mais que não queiramos, são inevitáveis... Se até "alcoolémia" e "bué" já vêm registadas nalguns dicionários...
Envelhescência
Será correcto utilizar este neologismo, envelhescência? A verdade é que não existe, tanto quanto julgo saber, um sinónimo para designar a idade que vai dos quarenta e muitos aos sessenta e poucos, ou seja, entre a idade madura e a velhice. Numa altura em que esta gente, nova de mais para se reformar, mas velha de mais para trabalhar, se vê muitas vezes perdida, considerada inútil e sem espaço na sociedade, parece-me muito pertinente. Envelhescência, por analogia com adolescência, idade entre o início da puberdade e o estado adulto?
Superarrefecimento e sobrearrefecimento
Em termos técnicos, usamos frequentemente os conceitos de um aquecimento excessivo da água (na forma de vapor) e de um arrefecimento (de água líquida) também excessivo. No 1.º caso, o vapor de água está mais quente do que a temperatura de saturação — dizemos que está "sobreaquecido" (ou "superaquecido", como também li aqui no Ciberdúvidas). Porém, a minha dúvida prende-se com o 2.º caso — a água (líquida) está mais fria do que a temperatura de saturação. Devemos dizer "sobrearrefecido", ou "subarrefecido"? O que aconselham? Muito obrigado!
Metáfora e neologismo: «"guarda-chuva" conceptual»
Estou a redigir uma tese de doutoramento e com frequência preparo também artigos para publicação em revistas científicas da área. Muitas vezes deparo-me com uma dúvida relativamente ao uso de palavras que no contexto em questão são usadas não no seu sentido literal. Exemplo «guarda-chuva conceptual». Por hábito coloco a expressão guarda-chuva em itálico para evitar as aspas, que na escrita científica têm outra utilização muito específica. Ainda assim tenho dúvidas se o correcto seria usar o itálico ou aspas simples. Agradeço desde já a atenção dispensada.
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa