Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Campo linguístico: Neologismos
Marta Aragão Tradutora Faro, Portugal 6K

Considerando a formação das seguintes palavras: dessubjugar; dessubstanciar; despublicar; seria também correto utilizar dessubscrever?

Mário Pereira Técnico de segurança Leiria, Portugal 8K

A esmagadora maioria (mas não a totalidade...) dos especialistas da língua portuguesa condena o uso do neologismo "massivo", justificando que já temos maciço, esta, sim, em português escorreito, a derivação genuína de massa.

No entanto, segundo Conceição Saraiva, "massivo" é legítimo num determinado contexto (v. nota A classificação morfológica de tal), sendo ilegítimo em todas as restantes situações.

Também C. R. (nota Sobre o advérbio de modo maciçamente) faz referência ao uso de "massivo", não como sinónimo de maciço, mas, sim, como «substantivo que representa um conjunto que não é passível de ser dividido em partes singulares que se possam enumerar, contar».

Pergunto então: fará sentido "importar" a palavra para lhe dar apenas o significado restrito descrito pelos dois especialistas citados, sem a aceitar no sentido em que é comummente utilizada? Não poderá também, naquele caso, ser substituída por maciço? Ou então, como em tantos outros casos (até porque já há alguns dicionários que a registam), parar de lutar e aceitar pura e simplesmente a introdução do "massivo" tão do gosto dos nossos jornalistas, que no fundo são os principais responsáveis pela sua generalização?

Há coisas que, por mais que não queiramos, são inevitáveis...

Se até "alcoolémia" e "bué" já vêm registadas nalguns dicionários...

Mário Pereira Técnico de segurança Leiria, Portugal 8K

Será correcto utilizar este neologismo, envelhescência?

A verdade é que não existe, tanto quanto julgo saber, um sinónimo para designar a idade que vai dos quarenta e muitos aos sessenta e poucos, ou seja, entre a idade madura e a velhice. Numa altura em que esta gente, nova de mais para se reformar, mas velha de mais para trabalhar, se vê muitas vezes perdida, considerada inútil e sem espaço na sociedade, parece-me muito pertinente.

Envelhescência, por analogia com adolescência, idade entre o início da puberdade e o estado adulto?

Pedro Bingre do Amaral Professor Coimbra, Portugal 5K

Nos dicionários de português que tenho mais próximos não encontro o adjectivo sartorial. Sei que existe em espanhol e em inglês, derivado do latim sartorius. Será correcto utilizá-lo como neologismo em português, tendo em conta a sua raiz latina?

Sinval Paulino Jornalista Vitória, Brasil 6K

De onde vem o nome oxi usado para descrever uma droga que vem sendo usada nos centros urbanos? Esta palavra é um radical? Deve ser acentuada?

Edmundo Gomes de Azevedo Professor universitário Lisboa, Portugal 9K

Em termos técnicos, usamos frequentemente os conceitos de um aquecimento excessivo da água (na forma de vapor) e de um arrefecimento (de água líquida) também excessivo.

No 1.º caso, o vapor de água está mais quente do que a temperatura de saturação — dizemos que está "sobreaquecido" (ou "superaquecido", como também li aqui no Ciberdúvidas).

Porém, a minha dúvida prende-se com o 2.º caso — a água (líquida) está mais fria do que a temperatura de saturação. Devemos dizer "sobrearrefecido", ou "subarrefecido"? O que aconselham?

Muito obrigado!

Joana Cabral Psicóloga/investigadora Porto, Portugal 10K

Estou a redigir uma tese de doutoramento e com frequência preparo também artigos para publicação em revistas científicas da área. Muitas vezes deparo-me com uma dúvida relativamente ao uso de palavras que no contexto em questão são usadas não no seu sentido literal. Exemplo «guarda-chuva conceptual». Por hábito coloco a expressão guarda-chuva em itálico para evitar as aspas, que na escrita científica têm outra utilização muito específica. Ainda assim tenho dúvidas se o correcto seria usar o itálico ou aspas simples.

Agradeço desde já a atenção dispensada.

Wallney Hammes Professor Pelotas, Brasil 4K

Atualmente, no Brasil, criou-se um termo em torno de Lula e do seu partido, o PT (Partido dos Trabalhadores), surgindo o " lulopetismo" ou "lulo-petismo". A dúvida está exatamente na forma de escrever esse neologismo: com hífen ou sem ele, segundo as regras da atual ortografia?

Agradecido pela resposta (que me foi formulada).

Maria Ferreira Bióloga Cascais, Portugal 13K

Considerando que a palavra "graficar" significa o acto de representar dados/informação em gráficos, gostaria de saber se é válido dizer por exemplo que «os dados encontram-se graficados na figura...» ou «os dados foram graficados...» Em suma, gostaria de saber se o verbo "graficar" existe em português.

Desde já, muito obrigada.

A. Gonçalves Tradutor Castelo Branco, Portugal 8K

–Anda o bullying muito na berlinda ultimamente, não necessariamente pelos melhores motivos. Continuamos porém incapazes de nos referir a este comportamento através da língua portuguesa. É difícil criar termos novos, institucionalmente pouco há quem a isso se dedique, e os estrangeirismos entram na nossa língua a um ritmo cada vez mais elevado. O meu contributo vale por isso o que vale, no caso vertente.

Se considerarmos que o bullying é uma forma de assédio onde a intimidação se acompanha de uma forte componente de humilhação, por que não designar tal comportamento por «intimilhação»? Poderemos então falar do(a) «intimilhado(a)», do acto de «intimilhar», de comportamentos «intimilhantes», Poderá não ser esta a melhor forma de designar este comportamento. Que se proponha outra, mas que não se faça do português uma língua morta, incapaz de encontrar novas soluções linguísticas para reflectir novas realidades.