DÚVIDAS

Sobre as consoantes t e d no Nordeste do Brasil
Qual a explicação para a não palatalização (ou pelo menos parcial) das consoantes d e t na região Nordeste do Brasil? Ao mudar-me de Pernambuco para o Sudeste da Bahia/Baía, percebi uma mudança sensível na pronúncia do d e do t que são lidas “dji” e “tchi”, assim como no Sudeste do Brasil; deparei-me, assim como vários conterrâneos, ainda por cima, com o preconceito e com a discriminação por não pronunciar as ditas consoantes com palatalização. Qual a explicação linguística para este fenômeno em ambas as regiões? Gostaria, outrossim, de saber se existe alguma regra que defina a pronúncia-padrão das vogais átonas (como, por exemplo, o e com som de i, ou o com som de u).
A pronúncia do s como x no início de algumas palavras
Recentemente surgiu a "moda" de pronunciar o s como x no início de algumas palavras. Choca-me ouvir apresentadores dizer "jornal da xete" em vez de "jornal das sete" ou "à xinco" em vez de "às cinco". Não terão os meios de comunicação o dever de pronunciar correctamente as palavras? Este fenómeno recente torna a pronúncia portuguesa já de si bastante fechada cada vez mais desagradável ao ouvido.
As mudanças fonéticas ocorridas na língua e o património histórico
Agradeço à equipa do Ciberdúvidas pelas respostas dadas anteriormente, e à senhora Ana Carina Prokopyshyn, por ter-me auxiliado na resposta 28 400. Mas, ainda tendo algumas dúvidas, peço o vosso auxílio. Tendo em vista o que a senhora Ana Carina Prokopyshyn escreveu no trecho — «Estes desvios ou desarticulações são próprios da linguagem corrente, ou seja, são tendências do registro oral, mas devem ser evitados, principalmente na escrita, pois nos dias de hoje existem normas e convenções que devemos seguir» — ocorrem-me algumas questiúnculas. No trecho «Estes desvios ou desarticulações são próprios da linguagem corrente, ou seja, são tendências do registro oral,» pode ser aplicado ao que se encontra na obra de Camões, Os Lusíadas, uma vez que se encontra formas como «ingrês»? Em «Mas devem ser evitados, principalmente na escrita», isso levaria a uma inibição de novas formas fonéticas e estagnação na língua? Como ajustar esta conceção com as mudanças constantes que a língua viva sofre? «Pois nos dias de hoje existem normas e convenções que devemos seguir.» Por que as mudanças fonéticas ocorridas na passagem do latim para a língua portuguesa são aceitas e as que ocorrem dentro da própria língua não são aceitas, ou mal vistas, dependendo da classe social em que ocorrem? Só se considera uma forma legal e aceita aquela admitida na elite erudita que forma a língua? Mas quando nos recordamos que a língua portuguesa estruturou-se, tendo como base o latim vulgar, não entraria em contradição o pensamento cultivado pela norma culta de uma língua «perfeita»? Ainda não consigo compreender as discussões e as dimensões das implicações que decorrem de críticas feitas à norma culta do português. Vemos muitos argumentos em prol de mudanças na norma culta, mas que argumentos podem ser elencados para salvaguardar nosso patrimônio histórico e nossa tradição perpetuados na língua? Agradecido pela atenção e consideração sempre prestada por todos vós.
Pronúncia: alertado
Não estando em campanha contra quem quer que seja, deparo-me, no que respeita ao português falado e escrito, com grandes perplexidades na comunicação social no nosso Portugal. E até pode ser que seja eu o equivocado nos reparos que faço regularmente ao sempre qualificado Ciberdúvidas, razão pela qual, para meu proveito, continuo inquirindo. 1) — O ministro Rui C. Pereira (Administração Interna) pronuncia "ale(é)rtados"; por mim julgo saber que se deve dizer alertados com e fechado. Quem tem razão? 2) — Ainda na RTP África, de 1/04, vi escrito "antipilético". A eliminação do c antes do t julgo que está bem, segundo a nova ortografia, agora, pelo contrário, não seria de considerar como correto "anti-epilético" (talvez sem hífen: "antiepilético")? Noto que continuo a escrever epilepsia, pois no português europeu o p pronuncia-se. Será assim? A propósito: em alguns canais da TV há uma grande confusão na pronúncia das palavras (pré-Acordo 1990) Egipto, egípcio, egiptologia, egiptólogo Ou agora Egito, egípcio, egiptologia, egiptólogo Na Europa, se estou certo, apenas em Egipto deixamos de pronunciar o p. É que já ouvi, por mais de uma vez, "egitologia" e "egitólogo". Poderá Ciberdúvidas ter a bondade de me esclarecer? No [recente] golpe político/militar da Guiné (Bissau), um António Aly Silva, pelos revoltosos, afirma (sic) que não pode tolerar-se haver ministros analfabetos do Governo agora deposto. Felizmente cá na nossa terra, para sossego das almas e preservação da propriedade, não se passa nada semelhante. . .
A fonética de REN – Rede Eléctrica Nacional (Portugal)
Agradecia o favor de me esclarecerem o seguinte: Qual a fonética de REN — Rede Eléctrica Nacional? Conforme as regras ancestrais não deturpadas da gramática portuguesa: "rên"? Ou de acordo com o modernismo devastador, macarrónico: "rène"? Se possível, grato ficaria ainda que me informassem tomando apenas como base a gramática e as regras portuguesas, deixando de lado eventuais considerações fundamentadas nas normas gramaticais ou outras brasileiras.
A pronúncia da palavra contexto
Um deputado, licenciado em Direito, pronuncia, na palavra contexto a sílaba -tex valendo tês. Todavia, o Dicionário Porto Editora confere à sílaba em questão a elocução –teis, o que está, aliás em consonância com texto, contextual, contextuação, etc. Para mim, que sou ignorante nestas matérias, e, para mais sem a proeminência de ser deputado eleito da A. R., testo com aquela pronúncia só conheço na acepção: «tampa de vasilha», «cabeça», «chapéu». Todavia, tendo em conta a proveniência do referido homem público, ficamos na dúvida se estamos na presença de uma variante insular açoriana, ou, pelo contrário, não passa de pura alarvice, isto na hipótese de que tenha completado no continente a sua instrução primária.
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa