O fenómeno que descreve tem a designação de palatalização e acontece (em português europeu-padrão e nalguns falares brasileiros) sempre que um s ocorre em final de sílaba. Repare que em costa não se pronuncia este s da sílaba cos- como o s de sete, mas como palatal, ou pré-palatal, equivalendo a um x, que em fonética tem a representação [ʃ].
Sempre que uma sílaba acaba com -s e a sílaba seguinte, pertencendo ou não à mesma palavra, inicia com uma letra cuja realização seja a fricativa surda [s], como em sete, há tendência para prevalecer o som da palatal. Repare-se em palavras como disciplina, nascer, crescer, acréscimo, consciência, fascículo, etc.
Se os dois sons se pronunciarem de forma discriminada, teremos por exemplo /naʃ-ser/ ou /daʃ sete/.
Há zonas de Portugal em que estes sons se mantêm bem definidos e outras em que a assimilação se faz em benefício da fricativa [s], com a pronúncia de /na-ser/, em vez de /naʃ-ser/. Na pronúncia mais frequente, a assimilação faz-se através da palatalização, surgindo /na-ʃer/. Este fenómeno é uma característica da nossa língua e acontece, realço, quer no seio de uma palavra quer entre o final de uma palavra e o início de outra, desde que os sons em presença sejam [ʃ] e [s].
Poderíamos dizer que o desejável seria manter os dois sons perceptíveis, mas a língua e sua pronúncia evoluem e, se para um falante que se habituou a isolar os dois sons esse exercício é fácil, já o não é para outro falante que cresceu a ouvir o som assimilado.