DÚVIDAS

O verbo correr, o infinitivo e o sufixo -inho
Quero parabenizar o site. Recorro a vocês para encontrar uma resposta que não encontrei em nenhum outro lugar na rede. É sobre alguns fenômenos linguísticos que tenho observado e para os quais não encontrei definição ou nome. São casos em que a regra sintática é quebrada com um propósito. Não são meramente erros. Na frase «Ele correu pegar a bola», o verbo correr assume uma transitividade que não lhe é própria. Um fenômeno parecido ocorre com «Vá ao quarto correndinho buscar meu telefone», em que o verbo no gerúndio recebe um diminutivo. Claro que as duas frases quebram normas gramaticais, mas não são meros erros, elas têm um propósito, atribuem uma expressividade à construção. Gostaria de saber se há figuras de linguagem em que esses dois fenômenos possam ser enquadrados. Inclusive, gostaria de saber se há mais exemplos desse mesmo fenômeno. Obrigado.
Saco e saca
Como explicar, de forma convincente e com base morfossintática sólida, a mudança da vogal temática de o para a no par saco/saca, sendo que a origem etimológica comum remonta ao latim saccus, -i, e ainda mais remotamente ao grego sákkos e ao hebraico sak, todos invariavelmente com vogal final fechada e masculina? Estaríamos diante de um fenômeno morfológico legítimo ou de uma analogia sem base histórica consistente? Obrigado.
O adjetivo e nome «cor de coral»
Ando a aprender português há dois anos e meio e, hoje, não consegui encontrar na Internet a resposta à minha dúvida. Como todos os estudantes de português aprendem, há duas cores (laranja / «cor de laranja», e rosa / «cor-de-rosa») que não variam em género nem em número, porque as palavras laranja e rosa são substantivos. Hoje comecei a pensar na cor alaranjada que podemos chamar da cor coral. Pelo que entendi, também é possível dizer tanto coral, como «cor de coral» («uma saia coral» / «uma saia cor de coral» ou «um batom coral» / «um batom cor de coral»). Na Infopédia encontrei a forma plural deste adjetivo – corais. Além disso, encontrei vários exemplos na Internet com expressões como «batons corais», «flores corais», etc. No entanto, o ChatGPT afirma que o adjetivo coral é invariável, porque vem do respetivo substantivo. Então, a minha pergunta é: qual forma do plural está correta: "coral" ou "corais"? Por exemplo: 1) umas saias coral / umas saias corais / umas saias cor de coral 2) uns batons coral / uns batons corais / uns batons cor de coral Agradeço antecipadamente a vossa resposta! Este site é tesouro para quem quer aprender a falar melhor português!
A conjunção quando e o imperfeito do indicativo
Gostaria de saber se é apropriado o uso do subjuntivo na frase abaixo, isto é, quanto à utilização da palavra desenvolvessem: «Havia diferentes formas de intervenção, e, na maioria dos casos, os presidentes não agiam ao arrepio da lei, mesmo quando desenvolvessem uma atuação nitidamente partidária, que era a que se manifestava nas nomeações e demissões de autoridades locais importantes, como delegados e subdelegados, nas proximidades dos pleitos.» Grato!
Uma oração adjetiva explicativa reduzida de particípio
 Qual seria a correta classificação da estrutura destacada a seguir? «O incidente ocorreu quando o jovem, acompanhado de amigos após uma partida futebol, estava pagando suas compras no caixa.» A princípio, pensei que se tratasse de uma subordinada adjetiva explicativa reduzida de particípio; contudo, verificando a obra Novas Lições de Análise Sintática, de Adriano Gama Kury, notei que o autor repele absolutamente essa classificação. Desde já meu agradecimento.
O particípio passado de impactar
Tanto quanto pude averiguar, os dicionários de verbos da língua portuguesa, como, por exemplo, o da Infopédia (Porto Editora), registam impactado como a única forma possível do particípio passado do verbo impactar. É, pois, com alguma perplexidade, que me deparo recorrentemente com formulações como «o dardo tinha impacto o alvo». Neste exemplo, parece-me que o adjectivo impacto está a ser utilizado em vez do particípio passado impactado, cujo emprego seria mais correcto. Estará a escapar-me alguma coisa? Muito obrigado!
O uso nominal de querer
Outro dia, numa conversa casual, certa pessoa disse a seguinte frase: «A Atena (nome de um cão) anda cheia de quereres!» Outra pessoa comentou que a frase estaria errada, e que o certo seria «cheia de querer», no singular. De fato, a expressão conhecida, até onde me lembro, aparece no singular. Achei exagerada essa acusação de erro, primeiro, porque a língua é viva e pode naturalmente se inflexionar; e, segundo, de nenhuma maneira me parece que o sentido da frase foi perdido no plural; e, finamente, é possível justificá-lo, acredito, argumentando que a pessoa que usou a expressão tratou a palavra querer como um substantivo. Consigo imaginar perfeitamente uma situação em que quereres sejam contáveis: 1 querer, 2 quereres, 3... Bom, estou longe ser um entendido da língua e gostaria de saber como se pode elucidar essa questão. «Cheia de quereres» a mim é totalmente inteligível, mas o que podem me dizer os estudiosos? Como a gramática funciona neste caso? Desde já agradecido abraço
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa