Gostaria de saber se deveremos utilizar «Eu noutro dia fui a Lisboa...» ou «Eu outro dia fui a Lisboa...», pretendendo dizer que, num passado recente mas não definido, estive naquela cidade.
Muito obrigado.
Gostaria, para começar, de felicitar os consultores do Ciberdúvidas pelo serviço prestado à língua portuguesa.
A minha dúvida é relativa aos adjectivos, mais propriamente à subclasse de adjectivos relacionais. De acordo com a definição do Dicionário Terminológico, o adjectivo relacional é um «adjectivo que deriva de uma base nominal e que, tipicamente, instancia uma relação de agente ou posse relativamente ao nome. Estes adjectivos não ocorrem em posição pré[-]nominal nem variam em grau». Os exemplos dados são:
— em «a invasão americana» ou «amor maternal», os adjectivos americana e maternal são relacionais.
Na prática, a identificação destes adjectivos suscita-me algumas dúvidas. Ao elaborar alguns conteúdos gramaticais para aulas do 3.º ciclo do ensino básico juntamente com uma colega, percebi que eu e ela não entendemos a definição da mesma forma. Ao elaborar um exercício, a minha colega apresentou-me uma lista de adjectivos que ela considerava relacionais. No entanto, eu não entendo as coisas dessa forma. Eis a lista:
caótico (ex.: desfecho caótico)
angelical (ex.: olhar angelical)
leonino (ex.: clube leonino)
capilar (ex.: tratamento capilar)
incolor (ex.: líquido incolor)
escalabitano (ex.: agricultor escalabitano)
juvenil (ex.: revolta juvenil)
onírico (ex.: estado onírico)
bracarense (ex.: professor bracarense)
campestre (ex.: flor campestre)
outonal (ex.: paisagem outonal)
indiano (ex.: prato indiano)
romano (ex.: tratado romano)
octogonal (ex.: figura octogonal)
Acrescentei alguns exemplos para que melhor se possa compreender o uso de cada um dos adjectivos.
Na minha opinião, e tendo em conta a leitura que fiz da definição apresentada no Dicionário Terminológico (DT), os adjectivos relacionais que constam desta listagem são:
angelical (ex.: olhar angelical)
capilar (ex.: tratamento capilar)
juvenil (ex.: revolta juvenil)
campestre (ex.: flor campestre)
outonal (ex.: paisagem outonal)
A minha maior dúvida refere-se aos adjectivos de origem, pois parece-me que estes podem também ser adjectivos relacionais (é certo que um dos exemplos dados no DT é «invasão americana», mas os adjectivos bracarense ou escalabitano têm significado diferente, pois americana tem um papel de agente relativamente ao nome invasão, daí a minha dúvida).
Considero os restantes adjectivos qualificativos, pois embora nem todos sejam graduáveis, não me parece que seja este um critério forte o suficiente para fazer distinção entre qualificativos e relacionais.
Agradeço, pois, uma ajuda (célere) da vossa parte para que eu e a minha colega possamos sair deste impasse.
A frase «Semeia benefícios e terás colheita de bênçãos» é período composto, e o predicado das duas orações é verbo-nominal?
Deve escrever-se:
«Francisco Marques reforçou o facto de se ter conseguido arranjar 12 equipas constituídas por dois elementos...»
ou:
«Francisco Marques reforçou o facto de se terem conseguido 12 equipas constituídas por dois elementos...»?
Já aqui vi algumas questões como aquela que irei expor, mas a resposta não me parece clara. Desejo ser elucidado de forma conclusiva. Usando a seguinte frase (isolada, sem qualquer contexto) como exemplo, «De forma alguma é azul», estou a negar que é azul, ou estou a dizer que de alguma forma é azul? Se estou correcto (e como vem descrito numa das respostas às questões anteriormente colocadas), só posso usar a expressão «de forma alguma» com sentido de negação quando na mesma sentença ela é acompanhada de uma negação. Ou seja, só poderei negar (utilizando a expressão «de forma alguma») que é azul da seguinte forma: «Não é azul de forma alguma.» De outra maneira, não é possível numa frase isolada fazer uma negação, utilizando apenas a expressão «de forma alguma» (sem outra forma de negação). Inequivocamente pode-se utilizar: «De forma nenhuma é azul.» Que é justamente o contrário de «De forma alguma é azul.»
Numa das questões colocadas: «[Pergunta] Quando nos queremos referir a algo com que, por exemplo, não estamos de acordo, como nos devemos exprimir? "De forma alguma" ou "De forma nenhuma"?
[Resposta] É correcto algum com sentido negativo (= nenhum), quando vem depois de um substantivo. Até o nosso grande Camões o empregou n´Os Lusíadas, I, 71: "Os segredos daquela Eternidade A quem juízo algum não alcançou!"»
Ao contrário do que foi explicado, nenhum não tem qualquer sentido de negação mas, sim, a palavra não, pois, se colocarmos a mesma frase sem o não, ficando «Os segredos daquela Eternidade A quem juízo algum alcançou!», perde-se o sentido de negação, permanecendo a palavra algum e retirando o não. Portanto, algum não influencia a afirmação tornando-a uma negação. O nosso grande Camões nunca utilizou algum ou «de forma alguma» com sentido de negação (felizmente). Não obstante, esta expressão é comummente utilizada como negação e espanta-me como os usuários de um idioma permitem que «uma mentira dita muitas vezes possa tornar-se verdade». Ou seja, estou eu errado de forma alguma!? Ou não estou eu errado de forma alguma?! É de salientar que o não, nenhum, nada, nunca, jamais e outras é que fazem a diferença entre uma negação e uma afirmação. Expressões como «de forma alguma» poderão ser no máximo uma enfatização de uma negação: «Não é azul, de forma alguma.»
Concluindo, ao dizer «De forma alguma é azul», estou exactamente a afirmar que de alguma forma é azul e não a negar que seja azul? Estou correcto quando afirmo que, por si só, a expressão «de forma alguma» não representa uma negação? Queiram por favor corroborar ou contradizer as minhas declarações utilizando exemplos.
Grato pela atenção.
«Os ventos sopravam de feição para eles», ou « Os ventos sopravam à feição deles»?
E desta forma termina o tópico denominado "Chamar com Regência":
(...) «Assim, embora se defenda como preferível a forma "ele chamou-lhe intelectual", não poderá dizer-se que é um erro a construção "chamar de" no sentido de "chamar nomes a alguém", presente na frase "ele foi chamado de intelectual"».
Mas como pode tal?...
Se aceitarmos a construção «ele foi chamado de intelectual», teremos de aceitar também «chamaram-no de intelectual». Se aceitarmos «chamei-o de mentiroso», teremos de aceitar, por exemplo, «chamaste-o», ao invés de «chamaste-lhe»; «chamámo-lo», ao invés de «chamaste-lhe», etc. E, como bem refere M.R.M.R.: «seria, sim, incorrecto dizer “o chamam” ou “chamam-no”. A forma correcta é "lhe chamam"». «Ela chamou sábio ao professor» = «Ela chamou-lhe sábio» Em Portugal, é esta a construção correcta.
Se alguém «o chamou», foi, possivelmente, para obter a sua atenção. Se alguém lhe chamou, foi, provavelmente, um nome qualquer. E são, decididamente, coisas diferentes. O que será que me escapa?
Obrigada.
Gostaria de saber a regência dos verbos destruir e roubar nestes dois exemplos:
«O fogo destruiu a plantação do fazendeiro.»
«Ninguém deve roubar a infância de um ser humano.»
Muito grata.
Numa receita culinária, qual das expressões é a correcta?
«Juntar os legumes e deixar cozinhar um pouco», ou «Juntar os legumes e deixar a cozinhar um pouco»? Ou estão ambas correctas?
Ao elaborar uma lista de objectivos ou tarefas, é comum iniciar cada elemento desta lista por um substantivo do género: Recolha, Realização, Preparação, Participação, Definição, entre outros.
Exemplo: «Realização de análises químicas em todas as amostras da área de estudo.»
Em primeiro, gostaria de saber se este tipo de construção é correcto, uma vez que a frase não possui um verbo.
Em segundo, gostaria de saber como posso adaptar a expressão «Estabelecer uma rotina» a este tipo de construção. Poderá ser "Rotinização"?
Obrigado pela atenção!
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