DÚVIDAS

Relógio, como metonímia e personificação
No poema a seguir, gostaria de saber como interpretar o valor estilístico do termo relógio. Poderia ser considerado uma metonímia referente ao tempo ou à passagem do tempo? Obrigado.REGISTRO IMPLACÁVEL Do alto da igreja-matrizEspreita o relógio arcanoSeus ponteiros marcam sutisA realidade presenteNum inexplicável engano Espia homens que passamFruindo um tempo fecundoFelizes e despreocupadosCom a vida que viajaNum curtíssimo segundo Para ele, nada é obscuro,Pois tudo vê e veráDo passado e do futuroE a vida fica contidaNesse caminho circular A todos, do relógio velaO olhar aborrecidoConfrontando, inerte e mudo,Todo sonho inalcançávelTodo desejo reprimido Se algo de fato assinalaA sua continuada ação,É o ilusório valorDe um descuidado viverSem a morte por condição.
A voz passiva na linguagem jurídica
Antes de mais, queria felicitá-los pelo excelente trabalho que têm vindo a desenvolver e pelo apoio que representam para aqueles que, como eu, usam a língua como ferramenta de trabalho. A minha dúvida surgiu a propósito de uma pergunta que me colocou uma aluna espanhola. Segundo ela, em espanhol, o uso da voz passiva é característico da linguagem jurídica. Gostava de saber se em português podemos afirmar que a voz passiva se caracteriza por ser usada em registos específicos da língua e quais seriam esses âmbitos de utilização. Muito obrigada pela atenção.
O grau comparativo numa frase negativa
Suponha que, em uma festa, Ana não comeu nenhum doce, Bia comeu um doce, Carla comeu dois doces, e Daniela comeu três doces. A pergunta «Quem comeu menos doces?» diz respeito somente às pessoas que comeram doces (e a resposta seria «Bia, pois ela comeu apenas um doce»), ou abrange todas as pessoas que estavam na festa, independentemente de terem comido doce ou não (e a resposta seria «Ana, pois ela não comeu nenhum doce»)? Gostaria de saber quais são as implicações do termo «menos» nessas frases. Em um caso semelhante, quando digo que uma fábrica A produz menos poluição que uma fábrica B, estou, obrigatoriamente, afirmando que a A produz poluição, ou há a possibilidade de interpretar que a fábrica A produz menos poluição que a B porque, na verdade, ela nem sequer produz poluição? Desde já, agradeço-lhe os esclarecimentos. Parabéns pelo importante trabalho deste site, sempre muito útil!
As interjeições raio e diabo em orações interrogativas
Na revisão de um trabalho, deparei-me com uma estrutura que me causa muita estranheza: «Quem raio é aquele?» Percebo o objetivo do tradutor, uma vez que o original é: «Who the hell is that guy?» O pronome quem foi bem empregado, porque se usa em relação a uma pessoa, mas penso que não pode ser usado com o substantivo. Talvez o tradutor tenha tentado adaptar a frase à expressão «Que raio?», mas, para ser correto, teria de ser algo do género: «Que raio!» Quem é aquele?' ou «Diabos, quem é aquele?». A opção do tradutor está correta?
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