Pergunta:
Agradecia a vossa opinião sobre a pronúncia correcta do acrónimo INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica).
Tem-se vindo a impor a pronúncia deste acrónimo como palavra grave, com E tónico por efeito de desnasalização do M lido como ÈME, o que implica considerar a palavra como trissílabo em vez de dissílabo.
Ora, em português, a desinência -m, antecedida de vogal, constitui com esta consoante um ditongo nasal átono, salvo se a vogal for i, u ou e, reclamando para esta última vogal acento gráfico.
Seguindo os acrónimos as regras da pronúncia das restantes palavras da língua portuguesa, a abreviatura INEM, sendo um dissílabo (I-NEM), por efeito do ditongo nasal N(EM) e nada justificando a sua tonicidade, a sua correcta pronúncia deveria ser ÍNEM, com o I tónico ou, em todo o caso, INEM (como palavra grave, embora neste caso necessitasse do acento gráfico, que nada o justifica).
Resposta:
Na minha opinião, o consulente está certo no seu raciocínio.
Contudo, a opção feita pela maioria dos falantes nem sempre é a mais lógica, muito menos a mais bem informada.
Acontece aqui o mesmo que na terminação “.com” de endereços de sítios em linha, que é lida de acordo com uma estranha mistura de pronúncias portuguesa e inglesa: “ponto cóme” (em vez de “dot cóme”), ou, preferencialmente, “ponto cõ”.
No entanto, e em abono dos falantes, posso acrescentar que me parece haver na pronúncia de INEM como “inéme” a intenção de diferenciar claramente o acrónimo da combinação das palavras “e nem”, que teria o mesmo som, caso pronunciássemos INEM conforme as regras da língua. Nessa perspectiva, tornar o I t{#ó|ô}nico seria mais “forçado” ou artificial e, por isso, a pronúncia “inéme” terá vingado.