Pergunta:
Na Gramática Universal da Língua Portuguesa, de António Afonso Borregana, a palavra nem aparece no quadro dos advérbios de negação. Procurei informação em outras gramáticas e encontrei uma grande diversidade de informação. Pergunto:
1. Nem, além de conjunção, também pode ser advérbio de negação? Em que casos?
2. Apenas a palavra não é advérbio de negação, ou também nunca e jamais?
Em Celso Cunha e Lindley Cintra apenas figura não como advérbio de negação...
Obrigada.
Resposta:
A tradição gramatical portuguesa considera nem apenas uma conjunção coordenativa correlativa, que ocorre sempre na estrutura «nem… nem».
Porém, os autores divergem na classificação desta palavra. É o caso da gramática de António Borregana, na qual, como a consulente refere, se inclui nem na subclasse dos advérbios de negação.
Corrobora também esta classificação o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, dando como exemplo: «Nem pense em fazer isso.»
Posto isto, e apesar de a maioria das gramáticas considerar nem unicamente uma conjunção coordenativa, parece-me aceitável atribuir-lhe o estatuto de advérbio de negação em estruturas como as que se seguem:
a) «Nem imaginas o sucesso da festa!»
b) «O aniversariante nem conseguiu conversar com toda a gente.»
c) « Eu nem parei um minuto.»
No que diz respeito aos advérbios nunca e jamais, transcrevo o que o Dicionário Terminológico refere:
«Os advérbios nunca e jamais, apesar de serem palavras negativas, não são advérbios de negação, uma vez que, em frases como "Eu não estive lá nunca", nunca não é a palavra responsável pelo valor afirmativo ou negativo da frase. Comportam-se, assim, como palavras que, excepto em posição pré-verbal, precisam de coocorre...