Sandra Duarte Tavares - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Sandra Duarte Tavares
Sandra Duarte Tavares
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É mestre em Linguística Portuguesa pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. É professora no Instituto Superior de Comunicação Empresarial. É formadora do Centro de Formação da RTP e  participante em três rubricas de língua oortuguesa: Agora, o Português (RTP 1), Jogo da Língua  e Na Ponta da Língua (Antena 1). Assegura ainda uma coluna  mensal  na edição digital da revista Visão. Autora ou coa-autora dos livros Falar bem, Escrever melhor e 500 Erros mais Comuns da Língua Portuguesa e coautora dos livros Gramática Descomplicada, Pares Difíceis da Língua Portuguesa, Pontapés na Gramática, Assim é que é Falar!SOS da Língua PortuguesaQuem Tem Medo da Língua Portuguesa? Mais Pares Difíceis da Língua Portuguesa e de um manual escolar de Português: Ás das Letras 5. Mais informação aqui.

 
Textos publicados pela autora

Pergunta:

É possível escrever corretamente sem usar o que?

Resposta:

Sim. Quando é uma conjunção integrante, o morfema que pode ser omitido, sobretudo se o sujeito corresponder à 1.ª pessoa do singular ou do plural:

1. (a) «Solicito que me seja dada equivalência a estas disciplinas.»
(b) «Solicito [  ] me seja dada equivalência a estas disciplinas.»

2. (a) «Exigimos que nos seja concedido o reembolso do dinheiro.»
(b) «Exigimos [  ] nos seja concedido o reembolso do dinheiro.»

Pergunta:

«Toma-se o sumo», ou «bebe-se o sumo»?

Resposta:

Ambos os verbos estão corretos. Pelo menos, em português europeu, com palavras que se referem a bebidas (sumo, café, chá, leite), pode usar-se tomar ou beber. Muitas vezes com o verbo tomar sugere-se também que a bebida em referência fez parte de uma refeição: «Ele tomou sumo ao pequeno-almoço.»

Pergunta:

Anteriormente já se escreveu espontâneamente, com acento circunflexo?

Resposta:

Já, mas só até 1973.

No Tratado de Ortografia da Língua Portuguesa (Coimbra, Atlântida-Livraria Editora, 1947, pág. 172/173), de Rebelo Gonçalves, estipulava-se o seguinte:

«6) Nos advérbios em -mente que derivam de formas adjectivas marcadas com acento circunflexo (servindo o emprego deste, em tais casos, para indicar uma acentuação secundária):

cândidamente, cortêsmente, dinâmicamente, espontâneamente, idênticamente, longânimemente, portuguêsmente, românticamente, terapêuticamente.»

Este uso terminou em 1973, quando o governo português publicou o Decreto-Lei n.º 32/73, abolindo o acento grave e o circunflexo que marcavam o acento secundário das palavras terminadas em -mente (agradàvelmente > agradavelmente; espontâneamente > espontaneamente) ou modificadas por sufixos de diminutivo começados por z- (sòzinho > sozinho; avôzinho > avozinho).

Pergunta:

«Entre as vítimas (da Revolução Francesa) estavam (estava) ninguém menos que o rei Luís XVI e a rainha Maria Antonieta, decapitados em 1793.»

Creio que o verbo deva corretamente ficar no singular. Estou certo?

Obrigado.

Resposta:

Sim, o verbo deve estar no singular, porque o seu sujeito é o pronome indefinido ninguém.

Pergunta:

Vários compostos químicos contém na sua estrutura duas moléculas de água (como, por exemplo, o vulgar gesso). Esses compostos são "di-hidratados", "dihidratados" ou "diidratados"?

Resposta:

Ainda que a palavra di-hidratado não se encontre atestada nos dicionários que consultei, considero que deve ser grafada com hífen, tendo em conta a seguinte regra do Acordo Ortográfico:

«Usa-se hífen nas palavras derivadas cujo prefixo ou radical de composição se associam a uma palavra iniciada por h: anti-histamínico, super-homem, co-herdeiro. (À exceção das palavras derivadas pelos prefixos re-, des- e in-, que se mantêm aglutinadas (desumano, inábil, reabilitar).»

Em conformidade com esta regra, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras, o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Porto Editora e no Vocabulário Ortográfico do Português do ILTEC, apresentam o elemento di- seguido de hífen, em associação com palavra começada por h, p.ex., di-híbrido.