v - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
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Textos publicados pelo autor
Atlas Histórico da Escrita
Dos sumérios ao digital
Por Marco Neves

Atlas Histórico da Escrita é o  mais recente livro publicado pelo professor universitário e investigador na área das línguas, literaturas e cultura, Marco Neves, na editora Guerra & Paz (2023)¹. Profusamente ilustrado com os mapas, imagens e infografias² sinalizadoras dos principais registos que se conhecem da história das línguas no mundo dos últimos cinco milénios, a obra, como sintetiza o autor na apresentação, percorre as três grandes revoluções da escrita: «A sua invenção e evolução ao longo dos tempos; a expansão da imprensa, da literatura e da leitura nos últimos séculos; e a explosão, nos últimos 70 anos, da alfabetização, com mais de metade da população humana a saber ler e escrever». Ou seja,   como a escrita «[se tornou] basilar para compreendermos o mundo».  

Dividido em seis partes, o  primeiro capítulo, "Os Alvores da Escrita",  aborda a importância do «princípio de rébus» na passagem da protoescrita para a escrita e o mecanismo de distinção entre a escrita e outros tipos de sinais, como é o caso dos mais antigos  que se conhecem (3100 A.C.), o a...

Novas dinâmicas do português
A África atlântica e o Brasil
Por Carlos Filipe Guimarães Figueiredo, Rita Gonçalves, Tjerk Hagemeijer, Márcia Santos Duarte de Oliveira

O livro Novas Dinâmicas do Português. A África Atlântica e o Brasil (2022), publicado da Livraria Atlântico com o patrocínio do Instituto Politécnico do Libolo (Cuanza Sul, Angola), reúne um conjunto de onze estudos sobre fenómenos linguísticos atualmente observáveis em cinco países – Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Angola e Brasil –, os quais partilham marcas do passado colonial português, durante o qual se registaram importantes fenómenos de contacto linguístico, como seja a génese de várias línguas crioulas.

O volume, coordenado pelos linguistas Carlos Filipe Guimarães Figueiredo, Rita Gonçalves, Tjerk Hagemeijer e Márcia Oliveira, reparte-se por cinco secções, que são «uma demonstração da capacidade e necessidade de adaptação da língua portuguesa a ecologias linguísticas distintas» (ver sinopse da promoção editorial). A primeira, dedicada a Angola, é  constituída por três artigos, um sobre o impacto do quimbundo no léxico do português da cidade de Luanda – são especialmente interessantes os quimbundismo sufixados com morfemas do português, como quilapista, «caloteiro», alembamento, «dote» ou sabular, «falar à toa» – e dois sobre a entoação e a interação e...

Discurso Académico: Conhecimento disciplinar <br>e apropriação didática
Por Paulo Nunes da Silva, Alexandra Guedes Pinto, Carla Marques

Discurso Académico: Conhecimento disciplinar e apropriação didática é uma publicação da Grácio Editor e organizada por Paulo Nunes da SilvaAlexandra Guedes Pinto e Carla Marques. Reúne um conjunto de artigos que resultam de contributos apresentados no II Encontro Nacional sobre Discurso Académico (ENDA2) e que, tal como assinalam os organizadores na introdução, partiram de «enquadramentos teóricos e de metodologias diversificadas», materializando o título do encontro «Discurso Académico: Comunidade de investigação e identidade» (pág. 17).

Em termos estruturais, a revista está organizada em três partes: uma primeira parte dedicada às práticas no Ensino Básico e Secundário, uma segunda parte que se debruça sobre as práticas no Ensino Superior e, por fim, uma terceira parte que inclui as contribuições que resultam das apresentações em mesas redondas.

Da parte I, destaca-se o texto «Do ensino explícito da escrita ao desenvolvimento da consciência discursiva», de Ana Maria Simões, que apresenta um estudo de caso de uma turma de português do 12.º ano (último nível do ensino secundário português). A recolha de dados demonstra que o ensino explícito da estruturação do discurso na produção escrita é uma abordagem significativa para o desenvolvimento da consciência discursiva dos estudantes, evidenciando as atividades didáticas que visam a recuperaçã...

Frases emblemáticas que foram ditas pelos nossos reis e rainhas
Ou talvez não!
Por Paulo Neves da Silva

A obra Frases emblemáticas que foram ditas pelos nossos reis e rainhas, da autoria de Paulo Neves da Silva e editada em 2020 pela Manuscrito, reúne expressões, mais ou menos conhecidas, ditas por diferentes monarcas portugueses. 

Neste livro são-nos apresentadas frases – muitas fictícias e outras lendárias – dos muitos reis e rainhas portugueses que se fazem acompanhar do devido enquadramento histórico. As mesmas estão organizadas de acordo com uma estrutura temática – 16 capítulos no total  e, dentro de cada estrutura, por ordem cronológica.

Assim, pode encontrar-se no capítulo 1 – «Frases emblemáticas»: «São rosas, senhor» (pag. 13), palavras da rainha Santa Isabel ao rei D. Dinis; a célebre frase de D. Luísa de Gusmão «Antes rainha por uma hora do que duquesa toda a vida» (pág. 16) que é, na realidade, «Melhor morrer reinando do que servindo»; e «os homens são animais selvagens» (pág. 19), frase que terá sido dita por D. Maria II.

«A liberdade real só há de perder-se com a vida», palavras de D. Sebastião «ao ser aconselhado a render-se na Batalha de Alcácer Quibir e a entregar a sua espada aos vencedores» (pág. 43), é uma citaç...

Estudos Linguísticos
Vol. I Linguística Histórica e História da Língua Portuguesa; Vol. II Dialetologia, Sociolinguística e Línguas em Contacto
Por Clarinda de Azevedo Maia

Nas áreas da história da língua e da dialetologia, Clarinda de Azevedo Maia (n. 1939) é, em Portugal, um dos nomes mais destacados, com projeção académica além-fronteiras. A sua História do Galego-Português (1986) é disso excelente exemplo. Com a publicação de Estudos Linguísticos pela Imprensa da Universidade de Coimbra, em 2022, fica mais acessível a «quase totalidade dos artigos até à data publicados e que se encontram dispersos em revistas, obras coletivas e atas de congressos e outros eventos científicos» (Introdução, vol. I, p. 9).

O primeiro volume abrange a linguística histórica e a história da língua portuguesa e constitui uma coleção de 32 estudos em que se distinguem de alguma forma seis áreas de intervenção da autora: o estatuto académico e teórico dos estudos de história da língua; a Idade Média e a relação histórica do português com o galego; o desenvolvimento do discurso metalinguístico sobre o português a partir do século XVI; a fonética e a fonologia históricas do português; a história do léxico do português, com especial atenção dada à questão da perda lexical; e um grupo final de estudos dedicados a temas variados, incluindo um artigo sobre a grande filóloga Carolina Michaëlis de Vasconcelos (1851-1925).

O segundo volume, mais reduzido mas não menos interessante e sugestivo pelas pistas que continua a facultar, compreende 12 estudos dedicados a questões da variação sincrónica do português na contemporaneidade: dialetologia, incluindo um conhecido estudo sobre os dialetos algarvios – "Os falares do Algarve...