Discurso Académico: Conhecimento disciplinar e apropriação didática é uma publicação da Grácio Editor e organizada por Paulo Nunes da Silva, Alexandra Guedes Pinto e Carla Marques. Reúne um conjunto de artigos que resultam de contributos apresentados no II Encontro Nacional sobre Discurso Académico (ENDA2) e que, tal como assinalam os organizadores na introdução, partiram de «enquadramentos teóricos e de metodologias diversificadas», materializando o título do encontro «Discurso Académico: Comunidade de investigação e identidade» (pág. 17).
Em termos estruturais, a revista está organizada em três partes: uma primeira parte dedicada às práticas no Ensino Básico e Secundário, uma segunda parte que se debruça sobre as práticas no Ensino Superior e, por fim, uma terceira parte que inclui as contribuições que resultam das apresentações em mesas redondas.
Da parte I, destaca-se o texto «Do ensino explícito da escrita ao desenvolvimento da consciência discursiva», de Ana Maria Simões, que apresenta um estudo de caso de uma turma de português do 12.º ano (último nível do ensino secundário português). A recolha de dados demonstra que o ensino explícito da estruturação do discurso na produção escrita é uma abordagem significativa para o desenvolvimento da consciência discursiva dos estudantes, evidenciando as atividades didáticas que visam a recuperação da memória, potenciadoras da competência de autorregulação da escrita.
Na parte II, salienta-se o artigo «Repetir para não omitir: Estratégias anafóricas problemáticas em textos de estudantes universitários moçambicanos e portugueses» de Marta Sitoe e Joana Vieira Santos, que se centra no uso de anáforas desviantes em textos produzidos por estudantes de licenciatura. A partir da análise de 33 textos produzidos por falantes de português como língua segunda (recolhidos na Universidade Eduardo Mondlane, Moçambique) e 56 textos produzidos por falantes nativos de português (recolhidos na Universidade de Coimbra, Portugal), inferiu-se que, apesar de os estudantes revelarem conhecer os mecanismos de coesão referencial, observa-se falta de um domínio seguro de estruturas anafóricas ao nível da escrita académica.
Por último, na parte III, ressalta-se o texto «A construção de um manual escolar: Eixos determinantes e tensões latentes» de Carla Marques, em que é feito um conjunto de reflexões acerca dos eixos que orientam a conceção e a elaboração de manuais escolares: os programas da disciplina, os conhecimentos científicos, os conhecimentos pedagógicos e o diálogo didático. A autora destaca o facto de as opções tomadas no âmbito da conceção do projeto didático de elaboração de um manual exigirem que se procure atingir uma solução equilibrada, resultante das exigências e tensões que «são ainda filtradas pelos critérios editorais que, numa lógica de mercado, procuram constituir o produto que mais agrada a professores e alunos, dando resposta ao objetivo fulcral de uma editora: o número de vendas» (pág. 226).
Em síntese, os artigos reunidos nesta publicação oferecem ao seu leitor uma perspetiva diversificada sobre o estudo do texto e do discurso académico, sendo um contributo interessante para quem se interessa por este domínio ou que nele desenvolve investigação.
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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