Pergunta:
Pelo que tenho visto, a regência do verbo importar-se é diferente no português do Brasil e no português de Portugal.
Em Portugal, o verbo deve ser sucedido da preposição de antes de indicar o verbo que o complementa, certo?
Exemplo: «Ele não se importa de ir à estação de comboios.»
Mas e quando não há sucessão de verbo? Por exemplo: «ele não se importa da menina».
Não seria correto trocar o de pelo «com a»? Ex.: «ele não se importa com a menina».
Resposta:
De acordo com os dicionários de regência verbal de Francisco Fernandes e Celso Pedro Luft, usa-se «importar-se com/de + nome» – é importante registrar que esses dicionários são baseados majoritariamente em linguagem literária dos séculos 19 e 20. Segundo o dicionário de regência verbal de Francisco da Silva Borba, só se registra «importar-se com + nome» – este dicionário se vale não só da linguagem literária, mas também das linguagens acadêmica e jornalística.
Em pesquisa ao Corpus do Português, foi encontrada apenas uma ocorrência com a preposição de, em linguagem literária do século 19. Em linguagem jornalística contemporânea luso-brasileira, só se encontrou «importar-se com + nome» (em centenas de ocorrências).
O dicionário da Academia das Ciências de Lisboa também só registra «importar-se com + nome».
Desse modo, visto que o uso determina a norma, os indicadores apontam para a variante «importar-se com + nome» como a única regência da norma atual.
Sempre às ordens!