D´Silvas Filho - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
D´Silvas Filho
D´Silvas Filho
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D´Silvas Filho, pseudónimo literário de um docente aposentado do ensino superior, com prolongada actividade pedagógica, cargos em órgãos de gestão e categoria final de professor coordenador deste mesmo ensino. Autor, entre outros livros, do Prontuário Universal — Erros Corrigidos de Português. Consultor do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa.

 
Textos publicados pelo autor

Pergunta:

Com frequência vemos textos escritos totalmente em letras maiúsculas. Para além da dificuldade de leitura, colocam-se problemas como a acentuação gráfica.

Como adaptar o Acordo Ortográfico de 1945 a esta prática se apenas prevê o uso de maíúsculas no início da palavra.

Resposta:

Há quem defenda que as palavras `todas escritas´ em maiúsculas dispensam sinais ortográficos; mas não há regulamentação de suporte.

Nas normas em vigor, nada encontrei quanto à obrigatoriedade de acentos neste caso, assim como não vi que os sinais ortográficos possam ser dispensados.

É prática corrente considerar que as palavras `todas escritas´ em maiúsculas obedecem às regras dos sinais ortográficos a que estão sujeitas quando escritas em minúsculas. Exemplos de títulos em obras de referência:

NOVO DICIONÁRIO AURÉLIO VOCABULÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA (Rebelo Gonçalves).

Ao seu dispor.

Pergunta:

O til só se pode usar sobre as vogais 'a' e 'o'? Existe alguma palavra que leve til sobre as vogais 'i', 'e' ou 'u'?

O meu dicionário contém a palavra 'earcar', com um til sobre o 'e' (mas o meu computador só aceita tis sobre o 'a', 'o' e 'n', este último por razões castelhanas). Estranho não é?

Resposta:

A palavra earcar (com til sobre o e) está registada em Rebelo Gonçalves. O til sobre o e é legítimo em Portugal segundo a norma em vigor neste país; norma que regista desealmado e earcado, ambos com til no e (a recomendação era usar o til sempre que uma vogal nasal fosse seguida de outra vogal). O til já foi usado na Língua noutras vogais além do a e do o. Rebelo Gonçalves, por exemplo, regista também, ainda, rui com til no u, como variante popular de ruim.

Modernamente estas grafias deixaram de se usar (por exemplo, muito, que tem u como vogal nasal, seguida de i, deixou de receber til). Earcar, por exemplo, já aparece sem til em Pedro Machado. O dicionário Aurélio não regista os termos com til acima indicados.

O seu computador não está imperfeito. Presentemente o til, na nossa língua e na escrita corrente, só é utilizado na vogal nasal ã e nos ditongos nasais: ãe, ãi, ão e õe.

Ao seu dispor.

Cf. A origem dupla do til em português

Pergunta:

A divisão silábica da palavra piauíense é: PI-AU-Í-EN-SE. Nesta palavra temos quantos hiatos e quantos ditongos. Segundo a Gramática de Rocha Lima, a rigor o encontro vocálico AU-Í não é hiato, pois em AU o (U) é semivogal e não vogal, ou seja, em AU temos ditongo, mas em AU-Í não teríamos hiato.

Resposta:

Em primeiro lugar, piauiense não tem acento (Rebelo Gonçalves, Aurélio). No dicionário Aurélio, está registado ¦au-i¦ na entrada em referência. Penso que o autor propõe, de facto/fato, o ditongo decrescente au (indivisível) e a separação na pronúncia entre au e i. Nesta pronúncia, a semivogal u faz parte do ditongo au e não há ligação entre u e i; logo, na junção de u e i há hiato (reunião de duas vogais com diérese dos respectivos sons).

O agrupamento iau pode ter um hiato entre i e au, quando a pronúncia da palavra for ¦pi-au¦ (com a divisão silábica como indica); ou ser considerado um tritongo (semivogal + vogal + semivogal), na mesma sílaba, com pronúncia da palavra ¦piau¦, sem hiato (e, neste caso, a divisão silábica conveniente será piau-i-en-se). Não me compete a mim escolher.

Ao seu dispor.

Porque foi citado o meu prontuário nesta controvérsia, pareceu-me conveniente concretizar o que nele indico.

Um dos critérios que pode justificar o hífen nas saudações é o da aderência de sentidos das palavras que ficam justapostas (como por exemplo, se verifica no conjunto tio-avô, neste caso a união de dois substantivos).

Pergunta:

Chamo-me Rui Medeiros Silva e sou estudante na Faculdade de Ciências do Porto, local onde estou a aceder ao vosso "site". Gostaria de saber qual será a maneira correcta de colocar parênteses, da forma 1 ou 2:
1- (parabéns pela vossa página)
2- ( parabéns pela vossa página )
Sou colaborador de uma publicação e um colega meu insiste em que a maneira correcta é a 2. Baseia-se no seu irmão, que tirou um curso superior na Faculdade de Letras de Lisboa e que assim procede. No entanto, apesar de ter procurado em dicionários e prontuários ortográficos, nada encontrei que o indicasse. Aliás, todos os livros que vi estão escritos usando a maneira 1.
Obrigado.

Resposta:

O espaço associado ao sinal dos parênteses é de regra antes do sinal de abertura e facultativo depois deste sinal; é de regra depois do sinal de fecho (excepto/exceto para sinais de pontuação) e facultativo antes do sinal.

A grafia com espaços `entre os sinais e a frase parentética´ não é habitual. Exemplo em Rebelo Gonçalves: (Obras de Horácio, t I, Lisboa, 1806, p. 116).

Essa grafia pode, no entanto, ser aconselhável para destacar o que fica entre parênteses. Exemplo em Rebelo Gonçalves: Soro ( ô ). Estes espaços têm o inconveniente de poderem separar o texto dos sinais, nas mudanças de linha, quando se escreve com computador (ex.: no fim duma linha a abertura ( com texto na linha seguinte; ou abertura e texto numa linha e o fecho ) na seguinte).

Ao seu dispor.