Porque foi citado o meu prontuário nesta controvérsia, pareceu-me conveniente concretizar o que nele indico.
Um dos critérios que pode justificar o hífen nas saudações é o da aderência de sentidos das palavras que ficam justapostas (como por exemplo, se verifica no conjunto tio-avô, neste caso a união de dois substantivos).
Ora no caso das saudações bom dia, boas festas, etc., a aderência é dada pela própria ligação do adjectivo ao substantivo. O meu parecer, também, é que quando estamos a fazer uma saudação não devemos grafar com hífen. Dizermos «bom dia!» a alguém é equivalente a dizer-lhe: «desejo-te um dia bom!» Igualmente para qualquer outra saudação, como boa noite, boa tarde, boas entradas, feliz Natal, etc. Claro que não se tratando de saudações, mas de afirmativas, há consenso para se grafar sem hífen: «está um bom dia».
O outro critério para grafar com hífen nestes agrupamentos, que já aceito, é semelhante ao que nos permite distinguir locuções substantivas: Escrevemos: «ele estava à vontade», com a locução adverbial a significar o modo como ele estava; mas grafamos: «o à-vontade dele» para dar um nome ao conjunto dos dois termos (isto é, substantivámos a locução, neste caso antepondo-lhe o artigo). Do mesmo modo, podemos também substantivar os agrupamentos: «o bom-dia que ele disse», «o telegrama de boas-festas que me mandaste», «foi-se deitar sem dar as boas-noites…», etc. Mas, na minha opinião, nestes compostos não estamos em presença de saudações, mas do nome que lhes demos.
É este o meu parecer. No entanto, aceito mudar o que está indicado no prontuário, se me convencerem de que estou errado.
Para terminar, desejo também "boas" festas (sem nenhum hífen redutor…) para todos os colaboradores e cibernautas de Ciberdúvidas.
Cf. contraponto desta controvérsia em Boas-noites, outra vez + Boas festas ou boas-festas?