Pergunta:
Sobre a forma reflectir, grafia anterior ao Acordo Ortográfico de 1990, o Dicionário de Verbos Portugueses da Plátano Editora, na sua edição de março de 1993, regista, na pág. 109, a seguinte nota:
«Verbos terminados em -ectir: mudam o e do radical em i na 1.ª pess. sing. do presente do indicativo, em todas as pessoas do presente do conjuntivo (subjuntivo) e nas pessoas derivadas deste tempo no imperativo. O c do radical desaparece nestas formas verbais.»
Não encontrei esta regra sobre a queda do c do radical em mais lado nenhum.
No Prontuário da Língua Portuguesa da Editorial O Século (6.ª edição, abril 1975), registam: reflectir – reflicto, reflecte, reflectimos; reflicta, reflictamos, etc.
Na versão do Dicionário Priberam conforme a norma de 1945, o verbo também aparece ortografado com o c do radical.
Na rubrica da SIC “Nós por cá”, inserta no Jornal da Noite de domingo, dia 2.10.2005, a apresentadora mostrava um cartaz, onde se lia a palavra reflita e afirmava que a autarquia devia mandar emendar o erro, pois o certo seria reflicta.
A minha questão é, pois, a seguinte: a referida nota do Dicionário de Verbos Portugueses da Plátano Editora estará correta e, cumulativamente, antes do Acordo Ortográfico de 1990 grafava-se este c do radical em toda a conjugação do verbo refletir?
Resposta:
Em 1993, a publicação da Plátano Editora não apresentava as formas corretas em Portugal, mesmo no quadro do Acordo Ortográfico de 1945.
Antes do Acordo Ortográfico de 1990, o verbo em questão escrevia-se reflectir e mantinha o c em todo o paradigma, mesmo depois de i.
Contudo, antes da vigência do Acordo Ortográfico de 1945, havia o preceito de se suprimir esse c depois de i, conforme se lê no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (p. XL), que a Academia das Ciências de Lisboa (ACL) publicou em 1940:
«b) os grupos cç, ct, pç, pt, e ainda outros [...] perdem em muitos casos a primeira letra: condução, produção, satisfação (cç – ç); aflito, autor, praticar, produto, reflito (apesar de reflectir), tratar (ct – t); Assunção, presunção (pç - ç); assunto, presuntivo, pronto (pt - t) [...].»
Este preceito é mais tarde alterado pelas Bases Analíticas do Acordo Ortográfico de 1945, em cuja Base VI se dispõe o seguinte (sublinham-se as formas do verbo em questão):
«4.º [O c gutural das sequências interiores cc (segundo c sibilante), cç e ct, e o p das sequências interiores pc (e c sibilante), pç e pt] conservam-se quando, sendo embora mudos, ocorrem em formas que devem harmonizar-se graficamente com formas afins em que um e ou um p se mantêm[...] ou em que essas consoantes estão contidas, respecti...