Pergunta:
Será que me podem ajudar no seguinte:
Em muitos documentos (extensos) sobre a actividade de uma determinada organização (empresa, escola, associação etc.) recorre-se ao uso do sujeito tanto na terceira pessoa do singular como na primeira pessoa do plural porque permite uma maior flexibilidade na apresentação dos conteúdos e porque diminui-se o número de vezes que se utiliza o nome da entidade. Dou um exemplo:
«Financeiramente, a EDP reforçou a sua posição. A EDP encaixou mais de mil milhões de euros na alienação de activos não estratégicos, 25% acima do compromisso inicial. Demonstrámos a nossa credibilidade no mercado, sobretudo no contexto de um mercado mais difícil (...)»
Gostaria de saber se é correcta esta utilização "dual" do sujeito. Eu tenho desenvolvido textos deste modo, considerando que não estava a cometer nenhuma incorrecção.
Muito obrigada pela vossa atenção.
Resposta:
Recomenda-se que o sujeito do discurso seja coerente, devendo evitar-se a mistura de pronomes e de formas flexionadas de diferentes pessoas (ver Edite Estrela et al., Saber Escrever Uma Tese e Outros Textos, Lisboa: Edições Dom Quixote, págs. 43/44). Contudo, no caso vertente, é aceitável a alternância proposta entre a terceira pessoa do singular, quando se refere a entidade empresa, e a primeira pessoa do singular, para remeter ao conjunto de pessoas que nela trabalham. Do ponto de vista comercial, é até uma estratégia de tornar mais pessoal e humana a projecção da empresa junto dos seus clientes ou utentes.