Pergunta:
Acabo de identificar mais uma incoerência entre dicionários. Ora, como o Ciberdúvidas me esclarece sempre, gostaria que me respondessem à seguinte questão: devemos escrever «estou à espera de uma boa-nova», ou «estou à espera de uma boa nova»? Refiro-me ao sinónimo de «boa notícia». É estranho como os dicionários continuam tão baralhados em relação aos hífenes (e eu por arrasto). Será que isto terá fim, algum dia (antes de o Acordo deixar de vigorar)?
Resposta:
Em Portugal, parece ter maior tradição a forma «boa nova», sem hífen, mas, como observa o consulente, a grafia boa-nova tem também registos dicionarísticos que são bem anteriores ao Acordo Ortográfico de 1990 (AO 90).
Na verdade, a história da hifenização de«boa nova»/boa-nova não tem que ver diretamente com o AO 90, porque este não afeta a grafia dos compostos de substantivo + adjetivo e adjetivo + substantivo, conforme se pode confirmar pela leitura da Base XV:
«Emprega-se o hífen nas palavras compostas por justaposição que não contêm formas de ligação e cujos elementos, de natureza nominal, adjetival, numeral ou verbal, constituem uma unidade sintagmática e semântica e mantêm acento próprio, podendo dar-se o caso de o primeiro elemento estar reduzido: ano-luz, arcebispo-bispo, arco-íris, decreto-lei, és-sueste, médico-cirurgião, rainha-cláudia, tenente-coronel, tio-avô, turma-piloto; alcaide-mor, amor-perfeito, guarda-noturno, mato-grossense, norte-americano, porto-alegrense, sul-africano; afro-asiático, afro-luso-brasileiro, azul-escuro, luso-brasileiro, primeiro-ministro, primeiro-sargento, primo-infeção, segunda-feira; conta-gotas, finca-pé, guarda-chuva.»
Este preceito restringe o âmbito de aplicação do hífen do disposto na Base XXVIII das Bases Analíticas da