Pergunta:
Como se deve dizer, «tenho de fazer», ou «tenho que fazer»? E porquê?
Resposta:
Considera-se mais correto «ter de (fazer)», no sentido de «ter a obrigação de (fazer)», argumentando-se que «ter que (fazer)» é outra construção com significado próprio: «ter alguma coisa que (fazer)» ou «ter alguma coisa para (fazer)». Deve reconhecer-se, porém, que, no uso, ocorre muitas vezes «ter que (fazer)» com valor de obrigação, apesar da censura normativa. E sabemos que essa construção aparece em textos dos escritores clássicos do século XIX (por exemplo, Alexandre Herculano) e mesmo antes.
Acerca dos juízos dos autores normativistas do século XX sobre a construção «ter que», mencione-se o caso de Vasco Botelho de Amaral (Grande Dicionário de Dificuldades e Subtilezas do Idioma Português, 1958), que dizia que empregar «ter que» em lugar de «ter de» era prática que «à nossa sintaxe repugna», rejeitando a alegada confusão, porque, em «ter que», a forma que era pronominal, conforme se lê a seguir (mantém-se a ortografia original):
«[...] Ter de emprega-se correctamente, quando se subentendem palavras como necessidade, precisão, desejo, obrigação, antes da partícula de. [...] Muitas vezes cai-se na incorrecção de escrever: "tenho que ir" por tenho de ir, erros provenientes da analogia que se estabelece entre frases do tipo "tenho que fazer" e "tenho de fazer isto ou aquilo". O professor Augusto Moreno citou exe...