Pergunta:
Considere-se a seguinte frase:
«Não, o meu casamento não foi bonito como devem ser os casamentos reais»
Para alunos do 2.º CEB, real pode ser considerado um adjetivo qualificativo, uma vez que não estão familiarizados com o adjetivo relacional?
Resposta:
As opções didáticas a seguir na gestão do ensino dos conteúdos gramaticais podem envolver complexidade. A questão que coloca prende-se com o facto de, de acordo com os documentos programáticos, os alunos não estudarem a subclasse dos adjetivos relacionais. Esta opção curricular implica que os alunos não estarão em posse de conhecimentos que lhes permitam classificar adjetivos relacionais como maternal, nacional, fluvial, entre outros.
Em termos gerais, sou inclinada a afirmar que integrar uma palavra numa classe distinta daquela a que pertence não será muito estruturante para os alunos, que, mais à frente no seu percurso, se confrontarão com a necessidade de reestruturarem o seu saber. Por esta razão, considero preferível simplesmente não trazer para os exercícios de sala de aula adjetivos que integrem estas classes, promovendo, antes, atividades que envolvam adjetivos qualificativos ou numerais.
Não obstante, é também importante que se diga que, em alguns casos, os adjetivos relacionais podem transcategorizar, passando a integrar a classe dos adjetivos qualificativos. Veloso e Raposo apresentam um exemplo deste processo com o adjetivo teatral, a partir dos seguintes exemplos:
(1) «arte teatral»
(2) «um indivíduo teatral»
Com explicam os autores, em (1)
«o adjetivo teatral tem a sua leitura primitiva, de adjetivo relacional: o adjetivo atribui à entidade designada pelo nome arte o conjunto complexo de propriedades que caracterizam a entidade ‘teatro’; tal como a maioria dos adjetivos relacionais, o adjetivo tem aqui uma função classificadora, criando um subtipo “natural” de arte, no contexto da nossa cultural; trata-se da arte que tem que ver com o teatro, não com o cinema, com a pin...