Pergunta:
1. Entusiasmada, a professora sorriu.
2. A professora, entusiasmada, sorriu.
3. A professora sorriu entusiasmada.
Nas três frases, pode considerar-se que o adjetivo tem um valor adverbial e que desempenha a função sintática de modificador do grupo verbal em todas as ocorrências (grupo móvel)? Considerando a possibilidade de, nas frases 1 e 2, ser um modificador do nome apositivo, esta função sintática pode ser constituída por um grupo adjetival (considerando a informação do Dicionário Terminológico, onde se lê que, tipicamente, são grupos nominais ou orações)?!
Ou é obrigatório subentender-se uma oração subordinada adjetiva relativa explicativa («que estava entusiasmada»)?! Neste caso, só na frase 2 isso seria possível...
Grata desde já pelos vossos esclarecimentos.
Resposta:
Nas frases em questão, o constituinte entusiasmada é um adjetivo que desempenha a função de modificador do nome apositivo.
Antes de mais, comprovamos que, nas frases apresentadas, entusiasmada é um adjetivo pelo facto de admitir flexão em grau, sendo compatível com o advérbio muito:
(1) A professora, muito entusiasmada, sorriu.
Para além disso, comprova-se que entusiasmada incide sobre o grupo nominal «a professora» pelo fenómeno de concordância. Uma alteração no género e número deste grupo nominal geraria alterações no adjetivo, como se observa nas frases (2) e (3):
(2) «O professor, muito entusiasmado, sorriu.»
(3) «As professoras, muito entusiasmadas, sorriram.»
A função sintática desempenhada pelo adjetivo identifica-se pelo facto de este incidir sobre o grupo nominal, independentemente da sua posição na frase. Uma vez que não constitui um argumento do nome professora, desempenha a função de modificador do nome. Trata-se em particular de um modificador apositivo porque não restringe o valor referencial do nome, constituindo, antes, um comentário que pode ser eliminado da frase sem prejudicar a sua gramaticalidade. Neste caso particular, o modificador constitui um comentário avaliativo sobre a realidade denotada pelo nome1, pelo que o adjetivo terá uma natureza avaliativa (mais do que adverbial). Recorde-se que os adjetivos avaliativos «expressa[m] uma avaliação subjetiva, geralmente da responsabilidade do falante, acerca das entidades referidas pelo sintagma nominal»2.
Refira-se ainda que quando os adjetivos não são identificadores, ainda que incidam sobre o nome, podem surgir noutros locais da frase3, o que justifica a possibilidade das frases (4) e (5), sem que a função do adjetivo se altere.
Outra leitura possível é a de que o adjetivo poderá ter uma leitura não atributiva (com...