Pergunta:
Escrevi um artigo cujo título é "Conversas Superficiais de Café". Fiquei com dúvidas se o adjectivo[1] deveria ser colocado no fim e se os elementos que formam o substantivo composto deveriam ser separados por hífen.
Obrigado.
[1 N.E. – O consulente parece seguir a ortografia anterior à atualmente vigente.]
Resposta:
A ordem dos constituintes que acompanham o nome depende da intenção do locutor.
No caso em apreço, e segundo a minha interpretação, ambos os constituintes que acompanham o nome podem ser interpretados como tendo uma natureza classificadora, ou seja, não têm valor referencial, mas representam antes um tipo1. Por essa razão, «de café» incide sobre o nome conversas classificando-o e associando-o a um determinado tipo de conversas. Neste caso, «conversas de café» designa o tipo específico de conversas que se têm no café e não noutro local. Já o constituinte adjetival superficiais associa-se ao nome conversas para o relacionar com um tipo específico de conversas (as conversas que não têm grande profundidade). Nesta interpretação, ambos os constituintes se juntam ao nome para o classificar, inserindo as conversas num tipo muito específico.
Coloca-se, agora, a questão da ordem destes constituintes específicos. Ora, em Veloso e Raposo, podemos ler que a sua ordem pode ser determinada pelo foco que se pretende dar a uma dada ideia. Os autores apresentam como exemplo as seguintes expressões:
(1) «plantas tropicais de interior»
(2) «plantas de interior tropicais»2
Em (1), coloca-se o foco em «de interior», ou seja, fala-se de «plantas tropicais» de um tipo específico: são de interior. Em (2), coloca-se o foco em tropicais, ou seja, fala-se de plantas de interior que têm como tipo específico serem tropicais. No fundo, o segundo constituinte classificador introduz uma subespecificação de uma realidade que já estava afunilada pelo primeiro constituinte classificador.
A mesma situação parece estar presente no enunciado apresentado pelo consulente. ...