Pergunta:
No período a seguir, fiquei com uma dúvida atroz, «Todos foram à festa, inclusive eu.»
«Inclusive eu» será uma oração assindética com o verbo elidido? Se «inclusive eu» fosse parte do sujeito composto, deslocado, o verbo não deveria estar na 1.ª pessoa do plural? «Todos fomos a festa, inclusive eu.»
Nesse caso, o termo «inclusive eu» não será um pleonasmo de vício [de linguagem], visto que a desinência verbal já denotaria que o locutor também fora à festa? Portanto, minha escolha seriam duas orações, a segunda com o verbo elidido: «Todos foram à festa, inclusive eu (fui).»
Grato.
Resposta:
O constituinte «inclusive eu» é, na frase em análise, um aposto de todos. Em termos semânticos, poderemos considerar que a forma verbal fui foi elidida deste constituinte. A sua elipse ocorre porque se trata de material linguístico facilmente recuperável.
Como afirmam Brito e Raposo, um «uso dos apostos consiste em dar informação sobre os membros de um conjunto expresso por um sintagma nominal quantificado, quer através de uma especificação completa ou parcial dos seus membros, quer através da menção de subconjuntos extensionalmente mais restritos» (in Raposo et al., Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, p. 1112). Neste caso particular, o sintagma «inclusive eu» incide sobre todos, especificando uma parte desse conjunto (o “eu”), na qual se pretende colocar o foco informativo,acrescentando, eventualmente, ainda um valor que destaca a pouca probabilidade que existia de o eu pertencer ao grupo referido.
Disponha sempre!