A revista Plâto, uma publicação digital do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), dedica o seu número 9 (volume 5 de 2022) ao tema «Nível lexical: as palavras e os termos. Desafios político-linguísticos para o português, língua pluricêntrica». Esta edição é composta por comunicações proferidas no âmbito da mesa-redonda «A língua portuguesa no espaço dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP)», realizada por ocasião da II Formação das Terminologias Científicas e Técnicas Comuns (TCTC) que aconteceu em Brasília.
Os artigos presentes nesta publicação exploram diferentes temáticas relacionadas com a Língua Portuguesa (LP), nomeadamente a importância das terminologias em português para a tradução e interpretação na União Europeia, a descrição sociolinguística de países como Cabo Verde ou São Tomé e Príncipe, no âmbito dos quais o contacto da LP com outras línguas africanas gerou os crioulos, e ainda algumas considerações sobre as políticas linguísticas adotadas pelos países de língua oficial portuguesa nos últimos anos. No fundo, os textos que compõem este número apresentam, tal como assinala na apresentação Incanha Intumbo (Diretor Executivo do IILP), «diferentes aspetos da LP, reveladoras das dinâmicas resultantes das interações da mesma com as realidades linguísticas e sociais dos EM, provando que o contacto linguístico tem promovido um maior enriquecimento da LP, que a variação é uma realidade na LP e que o compromisso de promoção e difusão da nossa língua, nas suas diferentes formas realizações, deve ser um compromisso de todos nós».
De entre os diversos artigos desta edição, salientamos em particular o texto de Margarita Correia relacionado com a língua e diplomacia, um estudo de Inês Machungo e Gregório Firmino sobre o caso do português em Moçambique e o artigo de Abigail Tiny Cosme sobre a variedade do português de São Tomé e Príncipe.
No primeiro, a sua autora apresenta um depoimento pessoal, refletindo sobre a «visão do que é e do que poderia ser a função dos diplomatas na promoção da língua portuguesa». Margarita Correia defende que a diplomacia linguística deve ter um olhar crítico sobre a realidade linguística e um conhecimento da situação sociolinguística e das políticas de língua das instituição e dos Estados-membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).
No segundo, os autores abordam a situação do português de Moçambique, apresentando os desafios que se colocam «a nível simbólico» e linguístico. As principais conclusões retiradas por Inês Machungo e Gregório Firmino no seu texto apontam para uma «nativização» do português de moçambique, explicando esta assunção com base em traços fonéticos e morfossintáticos, enfatizando «os aspetos lexicais por ser esta a dimensão que mais se evidencia nos processos de nativização».
Por sua vez, Abigail Tiny Cosme retrata o panorama linguístico de São Tomé e Príncipe, considerando que os eventos históricos e políticos colaboraram para uma grande diversidade linguística e cultural. Esta autora caracteriza a situação linguística deste país, apontando «as idiossincrasias do Português de e em São Tomé e Príncipe, fundamentais para um olhar crítico sobre o surgimento de uma variedade nacional, bem como da respetiva norma-padrão».
Em suma, este número da revista Plâto oferece ao leitor variadíssimas perspetivas de reflexão sobre a língua portuguesa enquanto instrumento de comunicação de comunidades cada vez mais plurais e sobre as mudanças e desafios que esta realidade implica nas instituições que com e sobre ela trabalham.
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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