Palavras – Revista em Linha, uma publicação da Associação de Professores de Português, dedica o seu número 60-61 ao ensino da oralidade. Esta edição conta com a coordenação editorial da professora Carla Marques, linguista e consultora permanente do Ciberdúvidas, e centra-se em aspetos específicos da competência oral que permitam uma compreensão dos planos em que se divide o seu ensino e as áreas com as quais se articula. Como assinala Carla Marques, «a escola tem de assumir o papel de ensinar efetivamente a oralidade, em todas as dimensões, em todos os ciclos de ensino e mobilizando todos os instrumentos disponíveis»; por esta razão, o presente número pretende, sobretudo, ser um convite à reflexão sobre caminhos possíveis para o desenvolvimento de práticas de ensino-aprendizagem no âmbito do domínio do oral.
Esta edição conta com várias visões de especialistas em didática e que se refletem no conjunto de artigos que a compõem. Para além disto, pode-se também encontrar uma entrevista conduzida por Carla Marques e João Pedro Aido a Joaquim Dolz, professor na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Genebra e reconhecido especialista internacional na área dos estudos da oralidade. Nesta conversa são abordados vários temas, entre eles, a construção de um pensamento renovado em torno das práticas do ensino e da aprendizagem da oralidade.
De entre os diversos artigos desta edição sobre oralidade, salientamos em particular o estudo desenvolvido por Luciana Graça acerca das perceções que os professores do sistema de ensino português têm da sua atividade e competência no âmbito do ensino da oralidade; o artigo de Noémia Jorge e Inês Carreira que aborda a apresentação oral; o texto de Ana Boléo sobre a oralidade no contexto do ensino de português como língua não materna; e a reflexão de Paula Simões sobre a avaliação desta competência.
No primeiro, analisa-se os dados obtidos de um inquérito aplicado a dois grupos de professores do ensino português, básico e pré-escolar, sobre o seu sentimento de competência para ensinar o oral. Sucintamente, os resultados demonstram que a generalidade manifesta confiança nas suas práticas para o ensino desta competência em contexto formal. No que concerne às situações de ensino da oralidade a privilegiar em sala de aula, regista-se um predomínio de situações que focam a compreensão oral, todavia, os professores inquiridos referem que a produção deveria ser o mais trabalhado.
No segundo, são sintetizadas as principais características da apresentação oral, com especial realce no nível temático-estrutural, linguístico e extralinguístico. Apresenta-se também uma proposta de modelo didático de uma apresentação, destinada ao 5.º ano de escolaridade, orientada para o desenvolvimento de capacidades como a exposição, reconto e tomada de posição.
Já no terceiro artigo, discute-se a problemática da abordagem da oralidade na aprendizagem de português como língua não materna, partindo da análise crítica dos documentos curriculares de referência relacionados com a docência desta disciplina. Defende-se ainda que «a aprendizagem da oralidade está, pois, inequivocamente relacionada com o êxito do percurso escolar das crianças e dos jovens e, inevitavelmente, com as oportunidades profissionais futuras».
Por último, a reflexão "Avaliar a oralidade: desafios para um presente futuro?", de Paula Simões, discute aspetos cruciais da competência comunicativa, que poderão abrir caminho a um processo de avaliação ou de classificação do domínio oral externo dos alunos.
Este número da revista Palavras integra ainda uma secção dedicada aos domínios da escrita e da gramática, destacando-se, entre os três textos reunidos nesta parte, o artigo de Cláudia Pereira e Joana Bebiano Mendonça, "A quantidade de sonhos que temos – os quantificadores: Uma sequência didática para o 1.º Ciclo do Ensino Básico", que apresenta uma sequência didática para o tratamento dos modificadores no ensino primário.
Em síntese, este número da revista Palavras oferece ao leitor variadíssimas perspetivas de reflexão sobre como abordar e trabalhar a oralidade em sala de aula e os desafios que o ensino desta competência apresenta tanto a alunos como professores.
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