O número 10 da Revista da Associação Portuguesa de Linguística, lançado a 22 de outubro de 2023, é composto por 17 artigos selecionados do XXXVIII Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Linguística, que teve lugar entre os dias 26 e 28 de outubro de 2022, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. No seu conjunto, os textos publicados nesta edição refletem, como assinalam Adelina Castelo, Alexandra Fiéis e Cristina Flores na nota prévia, «a diversidade de interesses e perspetivas teórico-metodológicas que [podem ser contempladas] na investigação atualmente realizada em Portugal em Linguística e em áreas de interface, abrangendo áreas como Aquisição (L1 e L2), Fonologia, Linguística Clínica, Linguística Computacional, Linguística de Corpus, Linguística Educacional, Semântica, Sintaxe e Sociolinguística».
Dos diversos temas apresentados destacam-se a aquisição de clíticos em língua materna (L1) e estrangeira (L2) e o ensino do português, nomeadamente, a análise de algumas propostas didáticas feitas por manuais escolares. No artigo, designado por «Colocação de Clíticos em PE L2: Percurso de desenvolvimento e estado final» da autoria de Alexandra Fiéis, Ana Madeira e Joana Teixeira (Universidade NOVA de Lisboa), infere-se que a aquisição dos padrões de colocação de clíticos por falantes adultos de PE como L2 segue, de modo geral, um percurso idêntico ao de crianças monolingues e falantes bilingues de português europeu (PE) como L1. Outro aspeto interessante referido neste trabalho é a possibilidade de aquisição plena do conhecimento da colocação de clíticos em PE como L2.
Na análise de Juliano Sippel respeitante à abordagem do ensino da escrita em manuais de português como L2, são destacadas as principais fragilidades encontradas e a tendência para seguir um modelo de ensino da escrita como produto, sendo que grande parte das publicações analisadas não apresentam instruções, planeamento e revisão. Verificou-se ainda um desequilíbrio na distribuição de competências comunicativas e uma falta de ligação entre a escrita e outros tipos de conhecimentos.
Por fim, no estudo de Vasiliki Vraka, Maria Lobo e Joana Batalha, intitulado «Desenvolvimento de pronomes clíticos em produções escrita iniciais», a partir de um corpus de 272 textos narrativos produzidos por crianças do 2.º e 3.º anos de escolaridade, demonstra-se que a presença de clíticos nas produções das crianças pode ser tomada como um indicador de desenvolvimento nas competências de escrita compositiva, à semelhança do que tem vindo a ser notado em relação a outras estruturas, como por exemplo, subordinadas.
Em síntese, este número da Revista da Associação Portuguesa de Linguística disponibiliza um leque variado de estudos na área da linguística, nomeadamente, da linguística portuguesa, sendo que os trabalhos apresentados são o resultado das investigações desenvolvidas por vários grupos em áreas consideradas fundamentais, tais como a aquisição de L1 e L2 ou o ensino de português como língua não materna.
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
Se pretende receber notificações de cada vez que um conteúdo do Ciberdúvidas é atualizado, subscreva as notificações clicando no botão Subscrever notificações