A revista Veredas, uma publicação da Universidade Federal de Juiz de Fora, dedica o seu volume 26 (2022) ao tema "O Lugar da oralidade em sala de aula: práticas de ensino da escola à universidade". Esta edição reúne dezassete artigos nos quais se reflete sobre a progressão curricular do oral, discutindo-se ainda a compreensão crítica dos géneros orais e o desenvolvimento da expressão enquanto objeto de abordagem em diferentes níveis de escolarização. Além disso, tal como é assinalado pelos coordenadores deste número, Joaquim Dolz, Luciana Graça e Tânia Guedes Magalhães, pode-se encontrar «múltiplas novidades sobre o ensino da oralidade, que aliam métodos de pesquisa e observação de práticas declaradas e efetivas com experimentações da Engenharia Didática».
Este volume está organizado em quatro grandes eixos temáticos: um primeiro, designado de «objetos e dispositivos de ensino»; um segundo, dedicado às «práticas declaradas dos professores sobre o ensino do oral»; um terceiro, que aborda «experiências inovadoras de ensino e avaliação do oral na escola»; e, por fim, um quarto, a respeito da «formação docente». Os três primeiros eixos apresentam discussões e considerações sobre o lugar da oralidade na sala de aula e em projetos escolares, já o quarto eixo incide sobre o ensino universitário, nomeadamente, a formação de professores.
De entre os diversos artigos deste número, salientam-se "A compreensão de géneros orais no ensino secundário em Portugal: dos programas curriculares aos manuais escolares", de Noémia Jorge (Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa – CLUNL); "Estratégias de apresentação de opinião em alunos do ensino básico e secundário", de Carla Marques, investigadora do CELGA-ILTEC e consultora permanente do Ciberdúvidas; e "Oralidade: Produção e interação no ensino de Português Europeu como Língua Estrangeira a adultos", uma investigação de Ana Boléo (Instituto Politécnico de Setúbal) e Rita Dourado (Instituto Politécnico de Lisboa).
No primeiro artigo, explora-se a forma como a compreensão de textos e de géneros orais é atualmente didatizada no ensino secundário português, confrontando-se documentos curriculares e manuais escolares. A autora acaba por concluir que, nos manuais escolares, os textos orais são tendencialmente encarados como materiais a que se recorre para a criação de atividades lúdicas ou estabelecimento de relações intertextuais com obras literárias.
No segundo, apresenta-se uma investigação sobre o texto de opinião oral, que parte da análise de um corpus de textos orais produzidos por alunos do ensino básico e secundário em Portugal, prestando especial atenção às secções de abertura e introdução. O principal objetivo deste estudo é identificar os movimentos textuais não desenvolvidos e as caraterísticas daqueles que são apresentados, permitindo, assim, clarificar os conteúdos que a escola deve trabalhar explicitamente de modo a promover abordagens didáticas que contemplem as várias dimensões da oralidade.
No terceiro estudo, a partir de uma reflexão sobre o facto de a expressão oral nem sempre ocupar um lugar de destaque no ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras, exploram-se as potencialidades de um manual concreto (Por Falar Nisso, Lidel, 2019) totalmente dedicado à dinamização da competência comunicativa, apresentando-se como uma ferramenta complementar de propostas de exercícios de expressão oral em português como língua estrangeira, do nível A1 ao C2.
Em síntese, este número da revista Veredas oferece ao leitor um conjunto de variadíssimas perspetivas sobre o ensino e didatização do oral em sala de aula e em diferentes níveis de escolarização.
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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